Diniz faz São Paulo crescer mesmo sem reforços e ganha tranquilidade no cargo
Mesmo sob desconfiança de muitos, Fernando Diniz vem fazendo um bom trabalho à frente da equipe Tricolor; Treinador é o melhor da “Era Leco”
Com a vitória sobre o Santos, no último sábado, por 2 a 1, o técnico Fernando Diniz alcançou seu 14º triunfo com técnico do São Paulo em 29 jogos – um aproveitamento de 56,3% dos pontos. Pode parecer pouco, mas é simplesmente o melhor da era Leco, que já teve 12 treinadores diferentes.
Ele também possui o melhor aproveitamento em clássicos, com 50% (2 vitórias, 3 empates e 1 derrota). Mais do que números, o que fica nesse momento é a impressão de um trabalho que vem evoluindo a cada jogo e dando segurança a Diniz no cargo. Não é absurdo dizer que ele vive seus dias mais tranquilos no comando do clube desde que foi contratado, há pouco menos de seis meses.
A classificação antecipada às quartas de final do Campeonato Paulista e a contundente vitória por 3 a 0 contra a LDU, no Morumbi, pela Libertadores, afastam qualquer possibilidade de que o técnico corra algum risco no cargo, embora boa parte da torcida tricolor ainda insista em desqualificar o trabalho de Diniz, que é chamado de “estagiário” por muitos.
“Apesar da desconfiança da torcida, o bom rendimento do time deu respaldo a Diniz junto à diretoria, sobretudo pelo fato de ele estar conseguindo elevar o futebol da equipe com o mesmo grupo do ano passado, já que o São Paulo não fez contratações”, aponta Rodrigo Dias, editor do portal Sites de Apostas.
Este é, talvez, o grande mérito de Fernando Diniz. Ao contrário de todos os rivais paulistas, ele não recebeu nenhum reforço – embora o clube tenha garantido as permanências em definitivo do goleiro Tiago Volpi, do lateral-direito Igor Vinícius e do meia-atacante Vitor Bueno.
O que mudou de 2019 para 2020?
Apesar de ter conseguido a classificação direta para a Libertadores, é quase um consenso de que o desempenho do time no segundo turno do Campeonato Brasileiro foi bem abaixo do esperado. No entanto, o time de 2020 parece uma versão bastante renovada, embora o elenco
seja basicamente o mesmo – ele só recebeu alguns jogadores retornando de empréstimo, como Shaylon, Brenner e Trellez, que pouco entram em campo, diga-se.
O que explica a mudança pode ter a ver com o tempo de trabalho. Diniz teve toda uma pré- temporada para de fato impor o seu estilo de jogo, embora já fosse possível ver alguns traços em 2019. A execução neste ano, no entanto, é melhor: o time valoriza a posse de bola, mas é mais contundente no ataque, sendo o líder em finalizações e chances criadas no Campeonato Paulista.
Por esse motivo, gols como o marcado por Igor Gomes, contra a LDU, são frequentes: frutos de um toque de bola bem executado em que os jogadores sabem onde se encaixar e optam por passes mais produtivos ao invés de toques de lado.
Fator Dani Alves
Também não há como negar que, se o São Paulo mostra um bom futebol neste começo de ano, muito deve a Dani Alves, artilheiro do time na temporada com cinco gols marcados. Mas isso também passa pelo trabalho de Diniz.
Afinal, foi ele quem encontrou o encaixe perfeito para o ex-lateral: jogando como um segundo volante, Dani participa de todas as ações, desde a saída de bola entre os zagueiros até conclusões dentro da área. Dos cinco gols que anotou, apenas um foi de fora da área (cobrança de falta na derrota para o Santo André).
O desempenho ofensivo do time também melhorou como um todo, apesar da péssima impressão deixada na derrota para o Binacional, por 2 a 1. Embora o time ainda desperdice muitas chances, são 18 gols em 12 jogos – média superior ao pífio desempenho de 2019.
Pode-se colocar na conta de Diniz a recuperação de Alexandre Pato, que já balançou as redes quatro vezes e vive um bom momento, contribuindo também com assistências (foi dele o passe para o segundo gol de Pablo no clássico contra o Santos). Encostado no ano passado, o atacante abraçou a chance que ganhou do treinador e virou titular absoluto.
Ainda é cedo para traçar o futuro de Diniz do São Paulo, sobretudo pela enorme pressão por títulos. Mas não é cedo para dizer que, em tempos de Coronavírus, ao menos o treinador não precisa perder o sono por estar balançando no cargo.
FOTO: Divulgação