Além de parte da cúpula apoiar o presidente, outra ala deseja simplesmente manter o clube longe de polêmicas

Em entrevista dada na última quinta-feira (30) ao Globoesporte.com, Raí, fez duríssimas críticas à postura que o Presidente da República Jair Bolsonaro vem tendo durante a pandemia.

Para Raí, Bolsonaro parece agir no limite da irresponsabilidade ao ir contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) durante o momento da pandemia do coronavírus“Outro absurdo do Bolsonaro é inventar crises políticas ou de interesses próprios, familiares, no meio de uma pandemia. É inaceitável”, declarou o dirigente.

Na visão do diretor-executivo de futebol tricolor, é possível que se chegue a um momento em que não haja mais governabilidade e, nesse caso, ele acredita que uma renúncia seria menos traumática do que um processo de impeachment, que tiraria o foco da pandemia. 

“O foco tem que ser a pandemia. (O impeachment) não é uma coisa que tem de se pensar agora, energia nenhuma pode ser gasta nisso, mas, se estiver prejudicando ainda mais essa crise gigantesca de saúde, sanitária, tem que ser considerado”, opinou.

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Na visão dele, as decisões de Bolsonaro confundem a população e, em decorrência dessa falta de clareza de posicionamentos, milhares de mortes podem vir a acontecer. Raí inclusive lembrou do irmão Sócrates, que, na opinião do dirigente são-paulino, também estaria indignado. “Se vocês acharam o meu depoimento forte, imagina o Sócrates. (…) Só que, na natureza dele, iria se colocar e obviamente na mesma linha eu seguiria. E ao estilo do Doutor Sócrates, que com certeza teve uma importância gigantesca na história do país”.

Raí reforçou que suas declarações são opiniões pessoais, desvinculadas de suas funções no clube, mas, mesmo assim, não repercutiram bem na cúpula são-paulina.

Foi lembrado que, às vésperas das eleições em 2018, Diego Souza comemorou um gol batendo continência a Bolsonaro e fazendo o sinal de uma arma na mão, gesto característico do atual presidente. O jogador foi repreendido.

A manifestação política de Raí, agora pelo lado contrário, também deveria sofrer repreensão. Lembrando que não foi a primeira vez que Raí colocou-se contra Bolsonaro: ele disse, em entrevista ao jornal francês L’Équipe, que o então candidato do PSL foi eleito “à base do ódio”, quando foi pedido ao ex-camisa 10 que não houvesse mais manifestações políticas de sua parte.

Resta saber se a atitude de Raí será suficiente para fazê-lo balançar no cargo nas eleições são-paulinas marcadas para o fim deste ano.

Foto: Divulgação