Maicosuel: “Parecia o primeiro gol da minha carreira”
Autor do segundo gol que deu a vitória para o Tricolor, o atacante falou sobre as dificuldades com as lesões na chegada ao clube
Maicosuel veio para o São Paulo em junho deste ano. Ele jogou apenas 45 minutos de uma partida (contra o Vitória), e se lesionou. Foi constatado que o jogador tinha uma tendinite na coxa direita e também um desequilíbrio muscular, o que o tirou dos campos por um bom tempo.
O atacante tomou uma decisão inédita, ele optou por não receber os salários até estar pronto para ficar à disposição da comissão técnica. Agora, após três meses, sem nenhuma lesão e bem fisicamente, o autor do segundo gol que deu a vitória para o São Paulo contra o Atlético-PR falou sobre as dificuldades ao chegar no clube e a felicidade de poder ajudar a equipe dentro de campo.
Veja alguns trechos da entrevista abaixo:
O PRIMEIRO GOL COM A CAMISA DO TRICOLOR
O jogador entrou aos 17 minutos do segundo tempo, substituindo Lucas Fernandes. E foi decisivo para a vitória do tricolor, aos 37 minutos, marcou o seu primeiro gol com a camisa do São Paulo.
“Cara, é muito maluco isso. Parecia o primeiro gol da minha carreira. Foi uma sensação única. Não tem como descrever o que senti na hora. Passou um filme na cabeça do tempo parado, das lesões, em slow motion (câmera lenta) ainda. Estou muito feliz. A palavra para descrever é felicidade”.
O TEMPO QUE FICOU SE TRATANDO DA LESÃO
“Foram mais ou menos três meses. Para o jogador, o pior que tem é ficar machucado. Até um jogador que não é relacionado para a partida, sem estar machucado, é menos difícil. Jogador machucado não pode fazer nada: ele não treina. Lesões na minha carreira têm sido uma coisa que estão acontecendo frequentemente e preciso melhorar nisso. Mas pelo trabalho e dedicação nesses três meses, além da paciência, é um gol de merecimento. É para coroar essa trajetória. Vem como um recomeço da minha carreira aqui no São Paulo. Espero dar continuidade da melhor forma possível”.
PORQUE NÃO QUIS RECEBER SALÁRIOS ENQUANTO ESTAVA MACHUCADO?
“Todos me perguntam isso. Mas é uma coisa minha. Achei que poderia estar em dívida com o São Paulo, porque me contratou em um momento complicado e estava apostando no meu futebol. No momento em que me lesiono, não posso estar mais lá dentro. Então, se não estou jogando, acho que não tenho o direito de receber. Mas isso é uma coisa minha. Não sei se outros jogadores fariam. Mas foi uma coisa que me senti bem fazendo e não me arrependo”, disse.
“Tomara que dinheiro não possa me faltar lá na frente. Mas é uma coisa que na minha carreira e na minha vida nunca procurei. Sempre quis estar bem no clube onde estou. O mais importante é dar satisfação a todos que trabalham no clube. Enquanto não jogo, acho que não posso receber. Estava me sentindo em dívida até agora com o São Paulo, por não fazer gols e por não atuar. Acho que paguei um pedacinho da minha divida. Acho que tenho muito mais coisa para apresentar, porque sei o que posso fazer”, completou.
O QUE OS COLEGAS DE CLUBE ACHARAM DESSA INICIATIVA?
“Todos me parabenizaram por esse gesto. Me chamaram de homem. Mas acho que para mim isso é normal. Ninguém ficou assustado. Acho que já esperavam de mim, porque sou um cara muito transparente, claro com as coisas. Sou muito reto. Gosto dessas coisas e por isso resolvi fazer. Acho que o São Paulo é muito grande. Eu devo muito mais ao São Paulo do que o São Paulo a mim. Então ainda me sinto devendo ao São Paulo e até o final do contrato tenho de pagar essa dívida (maio de 2020)”.
Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net