Cuca não descarta volta ao São Paulo no futuro
Sua segunda passagem pelo Tricolor não foi como esperado; o treinador perdeu um título Paulista nos minutos finais, caiu nas oitavas da Copa do Brasil e estava em sexto lugar no Brasileirão quando pediu pra sair
Em entrevista, ex-treinador são-paulino diz que a sua prateleira no clube ficou vazia e não descarta volta no futuro.
Na primeira, em 2004, o técnico ajudou a montar uma equipe que avançou até a semifinal da Copa Libertadores e foi eliminada com um gol no último minuto em Manizáles. O retorno aconteceu em 2019, mas foi menos feliz do que o esperado: ele assumiu em abril, foi vice-campeão paulista, caiu nas oitavas da Copa do Brasil e estava em sexto lugar no Brasileirão quando pediu para sair, em setembro. A prateleira segue vazia.
“O São Paulo sempre ficou como uma prateleira minha com uma lacuna. Eu sempre pensava no São Paulo, em um dia voltar para ter uma conquista. Sempre pensava. Passaram-se os anos, um dia quase deu, três ou quatro vezes bateu na trave. A oportunidade apareceu para mim não no momento errado, mas no momento em que eu não estava muito preparado. Passei por um problema de saúde lá no Santos. Teve um jogo com o Cruzeiro, perdemos 500 gols, perdemos o jogo, passei mal. Falei para o doutor e constataram um problema”, disse.
“Eu estava no terceiro mês de recuperação de uma cirurgia quando o São Paulo me procurou e não podia ir. Falei com o médico e ele disse: “De jeito nenhum”. Falei para o São Paulo que não poderia ir, mas o São Paulo me esperou.”
Cuca fala que quando chegou no Tricolor, preparou a equipe para o Brasileirão.
“Aí preparamos o projeto para o Brasileiro. Diminuímos a folha, apareceram oportunidades de o São Paulo contratar. Contratou Alexandre Pato, Daniel Alves, Juanfran, Tchê Tchê, foi um processo de mudanças. Quando se muda assim, é difícil as coisas darem certo logo de cara. A gente tinha dado uma arrancada, fora de casa estava jogando até melhor. Chegou uma época em que estávamos subindo legal, aquele jogo contra o Santos (vitória por 3 a 2 no Morumbi) foi um jogão, nós jogamos muita bola, encaixamos o time na base da velocidade, que eu gosto muito, e tínhamos as contratações para estrear”, declarou.
O treinador ainda falou sobre uma possível volta ao São Paulo no futuro, e diz que não tem não tem queixa nenhuma do clube e de ninguém que trabalha lá.
“Até dei uma entrevista falando que íamos perder um pouco o nível até eles (Daniel Alves e Juanfran) se adaptarem ao futebol brasileiro, ao jeito de o time jogar, e o time se adaptar a eles também. Muita gente interpretou errado, mas para mim isso é muito claro. Tivemos uma queda, mas com o tempo ia voltar. Na minha cabeça, ia melhorar. Eu que pedi o Daniel, ele veio para ajudar um monte. Mas isso não veio, eu não via o São Paulo com aquela arrancada para brigar pelo título. Eu chamei o Pássaro e o Raí depois do jogo do Goiás, expliquei para eles o que estou falando para você, que se pusesse outro treinador podia dar uma arrancada… Eu não faço multas nos meus contratos porque porque sou assim. Em 2017, no Palmeiras, fiz do mesmo jeito. Vi que estagnou, que ia ficar em segundo ou terceiro, o que não é ruim, é ótimo, e saí. Para mim fica aquela prateleira vazia ainda. Mas o mundo é redondo, tenho 56 anos. Nada impede que um dia eu volte e faça um outro trabalho no São Paulo. Fica um dissabor, mesmo entendendo que o trabalho não foi ruim. Eram 55% de aproveitamento no Brasileiro, isso não é ruim, mas podia ter sido melhor. Quem sabe em outra ocasião eu possa ter um trabalho melhor. Não tenho queixa nenhuma e de ninguém no São Paulo, pelo contrário“, disse.
Foto: Paulo Pinto / saopaulofc.net
Fonte: UOL Esporte