Cicinho: “Sou são-paulino. Vejo os caras vestindo a camisa com prazer”

Campeão da Libertadores em 2005 com a camisa do São Paulo, Cicinho falou da época em que jogava a competição e sua relação com o clube do coração

Cicinho zoa rival por eliminação no Mundial - Fellipe Lucena

Campeão da Libertadores em 2005 com a camisa do São Paulo, Cicinho falou da época em que jogava a competição e sua relação com o clube do coração

Ex-lateral está fora dos gramados desde 2018, por conta de dores no joelho. Em entrevista para o LANCE!, Cicinho falou como um são-paulino de arquibancada e comentou sobre a Libertadores, competição em que foi campeão em 2005 com o São Paulo. a equipe de Diniz e muito mais. 

Veja a entrevista completa abaixo: 

“Eu falo hoje como torcedor. Vejo os caras vestindo a camisa com prazer. Não sei se foi o Daniel Alves que trouxe isso, se é o Hernanes, mas fazia tempo que a gente não via. A gente via pessoas vestindo a camisa do São Paulo e beleza. Perdeu, amém. Ganhou, amém. Hoje o São Paulo ganha de 2 a 1 da Ponte Preta e o treinador cobra, os jogadores se cobram. Para ser campeão tem que ser dessa maneira, honrar a camisa, suar a camisa, e hoje nós estamos vendo isso – diz ele, que promete estar no Morumbi em algum jogo desta campanha tricolor.

“A minha vontade é estar no meio da galera, se for possível vou ao estádio. Lógico que as lembranças vêm à mente, mas minha fase como jogador já passou. Torcedor eu posso ser toda hora.”

“Sou muito zoado pelos meus amigos porque sempre expressei minha torcida pelo São Paulo. Vim do Botafogo-SP, as cores da camisa são iguais, Raí saiu de lá, Bordon… São coisas que ficaram na memória. Hoje eu tenho chorado mais do que tenho conseguido rir, porque já faz um bom tempo que o São Paulo não ganha título, mas como torcedor estou bem esperançoso nesse ano.”

PRIMEIRA LIBERTADORES

“Lembro que voltamos do jogo contra o Once Caldas, paramos em Belém do Pará, perdemos por 1 a 0 para o Paysandu, voltamos para São Paulo e perdemos de 2 a 1 para o Palmeiras no Pacaembu com toda aquela pressão do torcedor.”

E completou: “Para falar a verdade, esses confrontos não estão tão nítidos na memória. O ano de 2004 foi muito triste para a gente por ter perdido a semifinal. Nós éramos a melhor equipe, o time estava muito bem. Lógico que serviu de experiência para 2005, mas perdemos e o São Paulo tem que entrar para ganhar. Se você me perguntar de 2005 a minha memória vai ser melhor porque eu ganhei. O ano de 2004 eu preferi esquecer.”

CAMPEÃO DA LIBERTADORES EM 2005

“Depois do jogo um repórter veio me entrevistar, falou que era um gol histórico na Libertadores, mas não falou que era o gol 10 mil. Aí depois é que eu me aprofundei, os assessores do São Paulo falaram que eu tinha ganhado uma premiação da Conmebol. Eu tenho o quadro até hoje, está no meu escritório. As pessoas falam: “nossa, 10 mil gols?”. E eu respondo: “é, fiz mais gol que o Pelé” (risos). Mas é só uma brincadeira. É uma memória bem bacana. E, lógico, contra o Palmeiras novamente.”

O golaço de esquerda que definiu a vitória por 1 a 0 no jogo de ida, no Palestra Itália, é definido por ele como o momento mais especial.

“Sem sombra de dúvida o que ficou na memória foi o 1 a 0 no Parque Antártica, que eu pude fazer o gol. Eu cheguei ao vestiário depois dos 90 minutos e vi o Rogério Ceni tirando a luva e jogando no armário. Todo mundo achando que ele estava nervoso, e ele fala assim: “ganhamos de 1 a 0 do Palmeiras aqui dentro com gol do Cicinho de esquerda? Somos campeões!”. São coisas que ficam na memória. Fiz parte dessa equipe vitoriosa, dei minha contribuição.”

E completou: “Quando jogava contra o Palmeiras eu pensava que tinha que arrebentar para zoar meu pai depois. Dessa vez que perdemos para o Palmeiras em 2004 ele brincou comigo: “é, seu time não dá, não. Meu Palmeiras é melhor, Vagner Love deitou”. Faz parte, a gente sempre brincava dessa maneira.”

TORCIDA SÃO-PAULINA + LIBERTADORES

“A torcida do São Paulo é especial, parece que tem algo do torcedor com o time quando se fala de Libertadores, a atmosfera muda completamente. Você pode ver que o torcedor até tem mais paciência. Digamos que o torcedor sabe torcer na Libertadores. Não que não saiba nas outras competições, não é isso, mas ele sabe que se a gente empatou um jogo tem chance de ir lá e ganhar o próximo. O São Paulo vai sofrer para recuperar esses três pontos da estreia, então por isso o torcedor vai ser muito importante.” 

CAMPEÃO DO LEGENDS CUP

“Quando começou a competição, eu olhei para o Denilson e falei: “achei que a gente viria aqui beijar o símbolo e dar tchau para a torcida, mas o negócio está sério, a gente tem que ganhar”. Ele falou: “Cicinho, olha para o lado, ninguém veio aqui para perder, não”. Aí eu entendi e falei: “cara, isso é São Paulo.”

E completou: “O bacana daquele time é que foi um dos poucos do futebol que era vitorioso e tinha a simpatia dos outros torcedores. Ali não tinha soberba. A gente pega o São Paulo de 1992 e 1993 e também era assim, não tinha soberba. Nós quebramos paradigmas naquela época, até o Marcão goleiro ia comentar do São Paulo e falava: “o quero-quero passa no CT do São Paulo voando de cabeça alta e no nosso de cabeça baixa”. Todo mundo gostava da nossa equipe, não só pelo bom futebol, mas pelo carisma que nós tínhamos.”

Foto: Fellipe Lucena
Fonte: LANCE!