Desculpe o transtorno, precisamos falar sobre Dênis
Não é de hoje, e nem dos últimos dias. O goleiro Dênis tem sofrido uma pressão muito grande por ser o substituto de um dos maiores ídolos do Tricolor (talvez o maior).
Nas vezes em que substituiu o Eterno Capitão, nos últimos anos de sua carreira, Dênis nunca foi tão cobrado como tem sido agora, como titular da posição. Não é para menos, substituir um goleiro do calibre de Rogério Ceni não é para qualquer um, talvez sequer haja alguém capaz de substituí-lo à altura.
Mas vamos aos fatos:
Dênis não é um goleiro excelente e isso todos já sabemos. É mediano, como a maioria dos goleiros por aí, mas a verdade precisa ser dita (e aqui, talvez alguns de vocês fiquem bravos comigo): Nos últimos anos, Rogério Ceni já não era mais um goleiro excelente.
Calma, eu explico. O Mito teve uma carreira gloriosa, foi um dos melhores goleiros que vi jogar. Mas o que fez dele a grande lenda que se tornou não foi só o serviço prestado debaixo das traves, foi seu papel de goleador e liderança, que exerceu com louvor durante os quase 20 anos de titularidade. Ele era o 11º jogador da linha. Foi isso que fez dele, talvez, o maior ídolo da história do São Paulo.
Com certeza ele ainda seria ídolo, se não tivesse esses diferenciais, pois foi sim um goleiro excelente, como já disse. Mas o Zetti também foi, e nem por isso atingiu um patamar tão alto quanto o Rogério, no coração de nós tricolores. Há, inclusive, são paulinos que acham que Zetti foi melhor que o Ceni, embaixo das traves.
Dito isso, volto ao Dênis. Ele é um goleiro comum, dificilmente se tornará um goleiro extraordinário. Mas, neste ano teve uma tarefa nada justa.
Gostaria de me ater ao Campeonato Brasileiro. Para isso, basta analisar a tabela.
O São Paulo é um dos times menos vazados do campeonato, apenas 32 gols em 33 jogos. Isso não é um número ruim. Em contrapartida, temos os mesmos 32 gols na coluna de gols feitos. Ou seja, temos um ataque extremamente ineficiente. Seja pelos jogadores que o compõem ou pela estratégia adotada por Ricardo Gomes, o time não faz gol e isso acaba jogando nos ombros do Dênis um fardo que não é dele. Afinal, ele é o terceiro goleiro menos vazado do campeonato.
Ao meu ver, a torcida do São Paulo está se voltando contra a pessoa errada. Dênis tem sim suas falhas, que não são maiores ou mais numerosas do que as que Rogério Ceni teve nos últimos anos de sua carreira. Porém, ele não tem o encanto do Mito e justamente por estar na posição de substituí-lo, sofre uma pressão exagerada.
O grande vilão desta temporada não é nosso goleiro, é nosso ataque, ou melhor…. Nosso sistema ofensivo. O clube chega pouco ao ataque e, quando chega, finaliza mal. Perde gols incríveis para jogadores supostamente de alto nível.
Dênis compromete muito menos do que a torcida faz parecer e o grande vilão desta temporada tem sido o ataque do São Paulo e não seu goleiro.