Veja quem é quem nos bastidores da política do São Paulo
Julio Casares, Marco Aurélio Cunha e Roberto Natel são os personagens centrais do pleito que está marcado para dezembro deste ano; saiba como funciona a votação
O São Paulo vai eleger em dezembro um novo presidente, e vale lembrar que Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, não pode tentar a reeleição.
A seis meses do pleito, Julio Casares está confirmado como candidato. Marco Aurélio Cunha saiu da coordenação de seleções femininas da CBF porque é pré-candidato e quer concorrer. Roberto Natel, atual vice-presidente, também deseja entrar na disputa.
Na eleição são-paulina, os sócios escolhem os conselheiros. Esses, depois de eleitos, votam para decidir o novo presidente.
Hoje, o Conselho Deliberativo do São Paulo tem 224 cadeiras preenchidas do total de 240. Os 16 lugares vazios são de conselheiros vitalícios que morreram ou abriram mão das vagas para seguir com cargos remunerados na gestão.
O cenário atual, portanto, é o seguinte:
- 240 cadeiras no total;
- 224 cadeiras preenchidas;
- 144 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
- 80 conselheiros eleitos.
Está aberta uma eleição para preencher dez vagas de conselheiros vitalícios. O estatuto do clube determina escolha de novos vitalícios quando há dez lugares vazios, por morte ou renúncia ao cargo. O processo está interrompido por causa da pandemia de Covid-19.
Antes de o São Paulo eleger um novo presidente, em dezembro, haverá eleição no Conselho Deliberativo, em novembro. As atuais 240 cadeiras passarão a 260 no total. O quadro renovado deverá ser o seguinte:
- 260 cadeiras no total;
- 254 cadeiras preenchidas (as seis vagas abertas serão completadas caso outros quatro conselheiros vitalícios morram ou renunciem, totalizando dez lugares para que seja feita uma nova eleição de vitalícios);
- 154 conselheiros vitalícios (de um total de 160 vagas);
- 100 conselheiros eleitos (aumento de 20 integrantes).
E quem são os principais personagens?
Julio Casares
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Apoiado pela base política de Leco, Casares não é o nome preferido do atual presidente, mas reúne diferentes partidos do Conselho.
Casares foi vice-presidente na gestão do ex-presidente Carlos Miguel Aidar, que renunciou em outubro de 2015 sob denúncias de corrupção. Expulso do Conselho Deliberativo em 2016 por causa da briga com ex-vice de futebol Ataíde Gil Guerreiro, Aidar segue como membro do Conselho Consultivo, órgão formado por ex-presidentes da diretoria e do Conselho Deliberativo.
Neste momento, a coalização por trás de Casares acredita ter o apoio de 130 a 140 conselheiros de oito grupos políticos e integrantes independentes. Esse número deverá mudar até a eleição para presidente, pois o quadro de conselheiros eleitos será renovado em novembro por meio do voto dos associados.
Diante disso, o apoio de vitalícios é um termômetro mais concreto para a eleição. A coalização de Casares conta com pelo menos 65 conselheiros vitalícios e crê que o número vai aumentar após o preenchimento das dez vagas de vitalícios abertas.
Marco Aurélio Cunha
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Marco Aurélio Cunha apoiou Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, na última eleição para presidente. Ele foi diretor de futebol do clube na gestão em 2016 e saiu no fim daquele ano, quando retomou o cargo na CBF.
José Carlos Ferreira Alves seria o candidato à presidência do Conselho Deliberativo nessa chapa. No começo de maio, ele afirmou que Marco Aurélio seria “um excelente presidente”. José Roberto Opice Blum e Homero Bellintani são opções menos cotadas para a candidatura ao Conselho nesta chapa.
Aliado de Marco Aurélio Cunha, José Carlos Ferreira Alves tem o cargo de diretor adjunto de futebol na gestão Leco, mas praticamente não frequentava o CT da Barra Funda no dia a dia antes da paralisação pela pandemia. Ele é desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Marco Aurélio tem visibilidade na torcida do São Paulo e na opinião pública. O desafio é traduzir isso em força na sua candidatura dentro do Conselho Deliberativo.
Para isso, a oposição e dissidentes da situação articulam uma frente ampla contra a coalização de Casares. Nesse contexto, uma composição política entre Marco Aurélio, Roberto Natel e outros eventuais postulantes seria o melhor cenário para esse grupo.
Entre os apoiadores dessa frente ampla de oposição estão José Jacobson Neto, ex-diretor de futebol da gestão Leco, em 2016, o ex-presidente Fernando Casal de Rey e José Roberto Canassa, atual diretor da base e dissidente político por ser contrário à candidatura de Casares, entre outros.
Roberto Natel
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Atual vice-presidente e potencial candidato, Roberto Natel está rachado com Leco há anos e quer disputar a eleição. Natel e Marco Aurélio se respeitam e conversam nos bastidores sobre o pleito.
Uma eventual composição da dupla para uma só chapa não poderia ter Natel como vice-presidente, pois o estatuto não permite a reeleição do vice.
Em maio, Natel contestou a publicação da ata de uma reunião do Conselho de Administração no site oficial do clube que não tinha seu voto contrário a aprovação das contas do clube. Posteriormente, isso foi registrado.
Natel foi pivô do “caso hacker”, no qual uma perícia interna do clube apontou para ele como suposto responsável por vazar documentos internos. O vice-presidente nega os vazamentos. O caso é investigado na polícia.
José Eduardo Mesquita Pimenta
Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net
Na década de 90, Pimenta foi expulso do Conselho Deliberativo e posteriormente reintegrado ao órgão. Ele foi acusado de pedir comissão numa transferência do ex-atacante Mário Tilico ao Logroñes, da Espanha, que acabou não se concretizando.
Uma fita gravada pelo empresário Francisco Monteiro, o Todé, foi apresentada, e Pimenta foi expulso. Após mais de dois anos, ele apresentou laudo de um laboratório da Unicamp (Universidade de Campinas), e o documento apontou manipulação do conteúdo original dos diálogos gravados.
Pimenta, então, retornou ao clube. Ele foi o candidato da oposição na última eleição e perdeu para Leco. Agora, ele e o atual presidente estão juntos na coalização que terá Casares como representante.
Articulador da coalização pró Casares nos bastidores, Pimenta ficou insatisfeito com o comportamento de alguns apoiadores depois da eleição passada quando foi candidato. Isso lhe aproximou de outros grupos políticos e do próprio Leco nos últimos anos.
Fonte: Marcelo Hazan – GE
Foto: Marcelo Prado