O Dia da Mulher é celebrado com homenagens fofas, mas o SPFC crê que essa data deva ser encarada como uma data de mobilização para conquista de direitos

Para o São Paulo Futebol Clube, o dia 8 de março é além de uma comemoração em prol das mulheres, mas também uma data para discutir a desigualdade e discriminação e para se manifestar contra a violência moral, física, psicológica e sexual ainda sofridas pelas mulheres. Este São Paulo não é só um clube de futebol, mas também um agente de responsabilidade social e institucional. 

O departamento de Comunicação do São Paulo Futebol Clube realizou uma pesquisa com mulheres que vivenciam o futebol, sem qualquer distinção de clube, para entender o perfil da torcedora no Brasil. Questões envolvendo a segurança no estádio e ao redor dele em dias de jogos e assédio foram alguns dos temas abordados.

O cenário geral, como previsto, não é dos mais acolhedores: 74% das entrevistadas não se sentem seguras para irem sozinhas ao estádio, sendo que 54% delas relataram que já deixaram de ir a alguma partida por estarem sozinhas e temerem pela própria segurança. Entre os motivos, o medo de ser assediada foi o mais citado entre as respostas.

Esse medo é mais do que justificado, já que na pesquisa 59% das torcedoras disseram já terem sofrido algum tipo de assédio em dias de jogos. A maioria dos relatos envolve “encoxadas” e “passadas de mão” – termos citados pelas próprias torcedoras –,  especialmente em momentos de maior aglomeração dentro e fora do estádio. Perante a lei, esses atos são classificados como crimes de menor potencial ofensivo. E não para por aí: 73% das entrevistadas afirmam que já presenciaram outras mulheres em alguma situação constrangedora, como piadas e ofensas machistas, assédio e até relatos de abuso e violência.

Outro dado relatado é o constante interrogatório no que diz respeito ao amor e conhecimento das mulheres diante do esporte. Mais da metade delas descreveram situações em que precisaram manifestar familiaridade com as regras do futebol ou conhecimento sobre seu time de coração, para que, de alguma forma, isso lhes dessem respaldo para serem vistas como torcedoras. Tudo isso é reflexo de nossa cultura machista, onde a mulher precisa provar diariamente sua capacidade, habilidade e sapiência.

Diante de todas essas informações, estamos dando alguns pequenos passos para tentar melhorar o panorama atual e aproximar cada vez mais as torcedoras do São Paulo, assegurando-lhes um ambiente mais respeitoso e democrático. Além disso, nossos esforços serão estendidos para o papel de responsabilidade social que nos cabe.

Assim sendo:

– Assumimos o compromisso de manter encontros periódicos com nossas torcedoras, conduzidos exclusivamente por funcionárias mulheres, nos moldes do primeiro realizado no Morumbi, bem como de estabelecer contato direto com a ala feminina da torcida através do saopaulinas@saopaulofc.net, canal recém-criado para atendê-las.

– Abriremos conversas com grupos de apoio voluntário a mulheres vítimas de violência, com a intenção não só de trazer a discussão para dentro do clube, mas também envolvê-lo no acompanhamento de casos relacionados.

– Nos empenharemos ao máximo para viabilizar mais segurança e conforto no acesso e saída do estádio às nossas torcedoras, através de diálogo com autoridades cabíveis e prospecção de parcerias com empresas de transporte especializadas em serviços de mulheres para mulheres.

Estamos cientes de que isso, para além de um manifesto e nota oficial, é um compromisso do clube com todas as são-paulinas. De se esforçar para oferecer cada vez mais um ambiente respeitoso no Morumbi, e de cumprir com nosso dever social de, no mínimo, agir como propulsor para que as discussões ligadas à realidade da mulher no futebol brasileiro e na sociedade sejam discutidas com a importância que lhes são necessárias.

FONTE: saopaulofc.net
FOTO: Divulgação – UOL

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