O São Paulo em seu labirinto de R$ 580 milhões
É óbvio ululante que o São Paulo, contabilizando apenas um título nos últimos 12 anos, devastado por turbulências políticas, infinitas trocas de técnicos, contratações e desmanches de jogadores e, por alguns momentos, lutando para não cair de divisão, é um clube que se encontra no limiar entre se manter no topo e apequenar-se.
Só os apaixonados e os incautos não enxergam que o São Paulo se encontra no meio de um imenso labirinto, desorientado, em busca de um sopro de ar, e lucidez, para encontrar uma saída para retomar o caminho de glórias, que ficaram na estrofe do hino.
A missão de tirar o São Paulo do labirinto agora está nas mãos de Julio Casares, o novo presidente, com o auxílio de Carlos Belmonte, Muricy e Rui Costa. Mas a pergunta que desafia a drenagem e encharca os gramados do Morumbi é uma dívida de R$ 580 milhões.
Nos grupos de WhatsApp, as mesas de bares virtuais, o mundo é simplista e tudo se resolve na instantaneidade de um áudio ou uma mensagem de texto; mas, no mundo real, as verdades matemáticas – exceção aos cegos pela paixão e os incautos – fazem com que os pés encontrem o chão.
Além da dívida astronômica, que coloca o São Paulo na mesma rota de grandes clubes que colapsaram, há que se pontuar que, em 2021, o orçamento está comprometido, há um balaio de jogadores sem mercado, inchaço na folha de pagamento, programa de sócio torcedor escanteado, e a marca, em um todo, desvalorizada.
Mais que o desafio de montar um time competitivo para a temporada 21, a nova diretoria terá que resolver uma equação de proporções gigantes: equilibrar as contas e romper a escassez de títulos.
No futebol, não existe cesta de três pontos. O tempo corre contra, mas é fato que Casares assume o clube no limiar financeiro. Não há margens para erros, o contrário, será a criação de um novo neologismo: sãopaular.
O São Paulo, que brincou o destino nos últimos 12 anos, não tem mais o direito de errar.