Por que Lugano, o maior ídolo da torcida Tricolor ainda em atividade não joga nunca? O SPFC Notícias foi atrás de tentar descobrir os motivos

Olá amigos tricolores!

Se você está pensando que este é um texto apenas pedindo o zagueiro Diego Lugano no time titular logo agora no fim do Brasileiro, clamando por mais uma renovação de contrato do atleta de 36 anos ou mesmo uma crítica ao trabalho do treinador, vai por mim, está equivocado. O que o SPFC Notícias tentou desvendar é o mistério que cerca a atual condição do atleta: nunca falta aos treinos, pouco (ou nada) se machuca, nas raras vezes que entrou em campo nesta temporada não comprometeu e agora simplesmente não joga nunca. Afinal, ele está velho ao ponto de não aguentar jogar? Tem algum problema físico não divulgado? Por que ele não joga nunca então?

Para tentar entender e desvendar o mistério, convocamos um esquadrão extremamente capacitado para nos ajudar. E mais: três deles são setoristas do São Paulo, ou seja, acompanham todos os dias os treinamentos (que são permitidos pelo clube) in loco. São eles: Roberto Liói, repórter da rádio Globo/CBN, Alinne Fanelli, repórter do Jornal Agora de São Paulo e Eduardo Afonso, repórter da ESPN Brasil, além do jornalista e são-paulino Rica Perrone.

Uma coisa que ficou clara para mim pelo que vi este ano (e inclusive sempre bati nessa tecla) agora está devidamente embasado e sustentado pela opinião dos meus amigos que acompanham o dia a dia do clube: Lugano poderia SIM jogar mais vezes. A questão pode ser resumida da seguinte forma: os treinadores não gostam do zagueiro campeão do mundo em 2005 por algum motivo. Mas trata-se de algo bem particular, que não tem como saber ao certo. Se você focar especificamente na parte física, o fato dele não jogar nunca se justifica apenas em parte. Os setoristas concordam que em um esquema com três zagueiros, por exemplo, com ele na sobra, poderia ser útil ainda dentro de campo.

O fato é que a condição física impede Lugano apenas de jogar TODAS as partidas de forma seguida, mas NÃO o impede de jogar. Este é o ponto. Acompanhe em seguida a opinião completa de cada um dos profissionais e tire as suas próprias conclusões:

Alinne Fanelli, repórter do Jornal Agora de São Paulo, setorista do São Paulo:

“O que o Lugano passa para a gente durante os treinamentos é que não tem nenhum tipo de restrição física. Ele participa de todas as outras atividades como todos os outros jogadores. Ele só não tem de repente a mesma velocidade que os outros jogadores. E ele é bastante consciente disso. Eu acho que ele aguenta jogar, mas ele não é um jogador que vai ter muita vantagem quando precisar de velocidade. Ele não comprometeu quando jogou esse ano. Fez partidas regulares, então acho que condições de jogar ele tem, mas aí depende de adversário, depende do momento, depende do que pensa o treinador. Não tem a mesma força de antes, mas condições de fazer um jogo ‘ok’ ele tem. E ele é muito dedicado nos treinos, conversa com todo mundo, orienta… Então, é um jogador bastante comprometido com o clube. E trabalha normalmente, não faz nenhum tipo de trabalho separado, nada. Participa com o grupo de todas as atividades sem exceção”.

Eduardo Afonso, repórter da ESPN Brasil, setorista do São Paulo:

“Lugano hoje é mais um líder fora de campo do que dentro de campo. É um cara que pela história que tem no São Paulo, pela conexão que tem com a torcida, é um cara ainda muito bem vindo pelo grupo, muito bem vindo pela torcida, pouquíssimo criticado. Só pessoas que vão observar o futebol mais afundo tentam questionar o custo-benefício dele dentro do São Paulo.

Particularmente nos treinos que a gente consegue ver ele tem uma atuação normal para um cara da idade dele. Obviamente não é mais o mesmo zagueiro que brilhou na seleção do Uruguai, que brilhou na primeira passagem pelo São Paulo, isso é lógico. Ele é um cara mais pesado hoje, que procura mais os atalhos do campo. Se ele tem condições de jogar todas as partidas? Eu acho que não. Acho que ele não encara um calendário nacional do jeito que ele é. Acho que não aguenta fisicamente. Mas pode ser preparado para jogar algumas partidas importantes e mais: se o técnico quisesse um esquema com três zagueiros, com ele na sobra, acho que aguentaria até um número maior de partidas porque o desgaste físico seria menor.

Mas basicamente o que eu vejo no Lugano hoje é um ‘baita’ líder do São Paulo. Ele é um ‘Rogério Ceni’ do São Paulo da atualidade. Um cara que é o primeiro a chegar aos treinos, o último a sair, um cara que esteve sempre muito empenhado em tirar o São Paulo da situação que estava. Mesmo contundido [recentemente] foi aos jogos ou ficou no banco sem condições ou atuou como uma espécie de diretor de futebol, de gerente de futebol, impulsionando os caras no vestiário. Pode até não ter dado certo porque, enfim, existem outras situações que impediram o São Paulo de conquistar as vitórias [Edu deu o depoimento antes da reação e fuga do Z-4 no Brasileirão]. Mas ele tem feito a parte dele. É um dos líderes, é um cara que sabe cobrar, um cara que sabe incentivar e é um cara que pela história que tem no São Paulo, e eu acho que é isso que chama mais atenção, é um cara que poderia até exigir uma condição de atuar.

E você vê, desde a chegada do Dorival Junior, ele não jogou nenhum minuto. Nem por isso ele fica com intriga, com ‘futrica’, com ‘papozinho’ daqui, dali contra o técnico. Pelo contrário, tá lá apoiando, tá lá indo para o banco mesmo sem condições.

Eu particularmente sou bem fã do Lugano. Acho que não é um jogador que hoje como te falei poderia suportar o calendário nacional, mas acho que bem aproveitado seria um cara que poderia ser bem mais útil dentro de campo do que ele é para o São Paulo. Fora que o cara não se contunde há muito tempo. ‘Tudo bem não joga, não se contunde’. É uma lógica, mas tem muito jogador que só treina e toda hora está no departamento médico. Ele está há mais de um ano sem nenhum tipo de contusão. Agora que ele veio a se contundir, sofreu em um treino lá um edema na panturrilha. Então ele ficou um ano trabalhando, esperando uma oportunidade. Pode ter ser sido útil agora ao São Paulo no final do ano nessa relação com os demais jogadores, com o treinador. Mas acho que o ano que vem, pelo que já me passaram não fica, não pretende seguir ainda nenhuma carreira fora do futebol, pelo que eu conversei com ele, ele acha que ainda tem lenha para queimar pelo menos por mais um ano.

Talvez não em um time de grande estrutura, de grande força, mas em algum time que o queira e que possa montar um esquema para que ele possa atuar por mais partidas durante a temporada”.

Rica Perrone, blogueiro e jornalista:

“Eu não tenho ido ao treino. Mas o Lugano é um jogador bem limitado tecnicamente que sempre dependeu do vigor físico no limite para atuar bem. E quase sempre com três zagueiros. Não me surpreende ele não ter mais como acompanhar [o ritmo dos demais]”.

Roberto Liói, repórter da rádio Globo/CBN de São Paulo, setorista do São Paulo:

Ele nunca foi um jogador de explosão, mesmo em seu auge. Sempre foi muito bom na questão de posicionamento, no um contra um. Mas ele nunca foi aquele zagueiro que conseguia correr atrás de um atacante rápido e chegar na frente. Isso mesmo com 22, 23, 25 anos. Ele está com 36. Se naquela época não conseguia seguir o mesmo ritmo que os atacantes, mesmo mais jovem, agora com 36 é pior ainda. O Lugano teve algumas chances com o Rogério Ceni e além de não conseguir se igualar na velocidade com os atacantes ele teve alguns erros. Alguns erros de passe, alguns até de desatenção. Então ele não merecia mesmo com o Rogério Ceni ser o titular do São Paulo. E não está merecendo ser o titular com o técnico Dorival Junior.

E ele não está sendo titular porque Arboleda e Rodrigo Caio são os titulares, são os melhores zagueiros do São Paulo. Depois vem o Bruno Alves, aí ele entra numa briga com o Aderlan para ver quem é o terceiro ou quarto zagueiro. Após esses aí, terceira ou quarta opção.

Ele é um cara que você não pode dizer uma vírgula da questão extra-campo. Muito pelo contrário, ajuda muito o São Paulo. Ele é um dos líderes do elenco. Ele que toma à frente em algumas decisões pró elenco são-paulino e não só para o elenco, mas também pró funcionário. Ele motiva muito, em nenhum momento reclamou de ter ficado sempre na reserva com o Dorival Junior.

E às vezes nem relacionado, até pela questão de muitos estrangeiros o Dorival não relacionava ele. Mas não há como negar que na questão física ele está muito abaixo dos demais. Eu até diria que ele aguenta sim os 90 minutos, é um cara que se cuida muito, treina muito, não falta aos treinos, faz fortalecimento. Mas ele não aguenta é a intensidade de uma partida. Ele funcionaria talvez como terceiro zagueiro, com mais dois homens para ajudá-lo. De repente Rodrigo Caio, Arboleda e ele. Aí sim ele conseguiria ficar na sobra e apresentar um bom futebol. Mas ele com mais um zagueiro só, numa linha de quatro atrás como o Dorival joga com o São Paulo, não tem mais condição”.

Siga no Twitter: @RafaCedrall

FOTO: Divulgação

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