Diretor Gustavo Oliveira fala sobre nova estrutura administrativa e afirma práticas exclusivas de gestão.

Conhecido por liderar com sucesso a negociação de Maicon, o diretor Gustavo Oliveira cedeu entrevista exclusiva ao jornal Lance! e comentou sobre a negociação, momento atual do clube, negociação do zagueiro Maicon, Libertadores e muito mais!

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Você acabou de fechar uma negociação que aliviou o torcedor. Como saiu dela?
Para mim e para as pessoas envolvidas foi uma negociação importante, que pelo tempo que se colocou, faltando alguns dias, e tendo uma semifinal e eventual final de Libertadores, causou certa angústia. Mas o modo como a gente encara negociações de menos repercussão, às vezes zero, foi o mesmo. Nessa teve mais visibilidade, pela situação do atleta e logicamente o anseio da torcida. Foi feito por atender a expectativa do torcedor.

E as condições satisfizeram ao São Paulo?
Se não tivesse satisfeito, o negócio não teria saído (risos). A gente encontrou um modelo interessante. Tão importante e proporcional ao jogo mais importante do ano e tão próximo. E também de encontrar soluções onde elas não são evidentes. Ter ganhos indiretos. Futebol tem que ser criativo e encontrar soluções. Você tem que ter convicção e a gente estava muito convicto de que a permanência nos traz um ganho como atleta, personagem da torcida.


Até que ponto esse investimento alto (cerca de R$ 22 milhões) compromete a situação financeira do São Paulo?
Temos muito clara as limitações financeiras. São restrições importantes e que limitam muitos movimentos. Mas também acredito que o futebol do São Paulo, o engajamento, o envolvimento do torcedor, nos permitiu sair do zero no início do ano e gerar resultados. Renda direta, seja com bilheteria ou premiação, a torcida nos empurrando foi capaz desse movimento de gerar recurso para investir. Resultado esportivo e esse apoio do torcedor foi revertido na contratação do atleta que a própria torcida queria.

Esse investimento ainda deixa potencial para tratar de outras coisas, como a renovação do Ganso, por exemplo?
Administrar futebol é conduzir as coisas. Agora, para nós, nesse semestre, vejo uma satisfação muito grande na nossa equipe de trabalho. Satisfação é por se ter apontado para um caminho bom. É ter conceitos fortes, estratégias bem claras. Modelo de gestão eficiente que pode trazer o resultado esportivo. Fazer certo não quer dizer que você vai ganhar. Mas fazer certo aumenta suas chances de ganhar. Então é nisso que a gente aposta. Boa parte do trabalho é invisível ao torcedor, de dia a dia, das pessoas que aqui estão. Muito harmonizado, criando ambiente para o atleta entrar e representar a torcida.

Como está a renovação do Ganso?
Como qualquer negociação a gente se reserva, será tratada no seu tempo. Os interesses estão postos, já se tornaram públicos. Mas, como toda negociação, peço a licença de não falar nada, só no momento certo, porque isso gera falsas expectativas. É conduzido, com calma, com as pessoas envolvidas, e isso chega a um bom termo e espero que chegue.

A situação do Calleri está sacramentada? Ele sai?
Hoje temos um contrato com o Calleri, que por causa da Libertadores se estendeu até o fim de julho. Hoje é com essa realidade que trabalhamos.

Depois daí…
A partir de agosto não temos mais contratos com o Calleri. Óbvio que teríamos interesse em tê-lo, mas sabemos que é um desafio muito grande. Diante de todas as circunstâncias.

A menos de uma semana da semifinal, ainda podem chegar reforços?
Há trabalho sendo desenvolvido. Recompor o elenco é uma atividade permanente, nesse momento de mercado se acentua, as oportunidades surgem. Pode ocorrer, pode não ocorrer. Vai depender do amadurecimento de certos negócios, especialmente do aproveitamento de oportunidades. E tem situações imponderáveis que a gente não controla. Se eventualmente a gente concluir e houver tempo, ótimo. Senão, continuamos montando elenco. Se não conseguirmos, temos a consciência de que o time da Libertadores está e foi o que nos trouxe até aqui. A gente confia.

A lesão do Ganso faz com que a diretoria teme que esse problema coloque em risco o trabalho?
O futebol é feito de momentos imponderáveis e circunstâncias que a gente não controla. Quando você tem muitos recursos, você trabalha com mais opções. A gente aposta muito no elenco, nesse espírito de competitividade, na simbiose com a torcida. Tenho certeza de que na parte final da Libertadores teremos o Morumbi lotado e essa é nossa principal força. Os 11 que entrarão são os que vão representar o torcedor.

Qual é a participação do planejamento na campanha da Libertadores?
Mais importante do que a final da Libertadores acho que, desde que houve a gestão Leco, a gente deixou muito claro, internamente, quais eram as estratégias para o futebol do São Paulo. Passa por integração de base e profissional, engajamento de sistema e forma de jogo. Passa pela noção de coletividade e responsabilidade de todos. E o fortalecimento da comissão técnica fixa, do financeiro, do administrativo. Essa é a força do São Paulo. Essas quatro estratégias norteiam tudo e qualquer decisão que o clube vai tomar. Acertar e errar é natural. Até porque o acerto no futebol muitas vezes é influenciado pelo resultado. Mas temos uma certeza dentro dessas nossas estratégias.

Para o São Paulo que se propõe a ser tão bem estrategicamente pensado, quais são as metas a longo prazo, em se tratando de um clube tricampeão do mundo?
Está posto. É ser campeão, conquistar, resultado dentro de campo para o seu torcedor e que todos nós esperamos ter o prazer e a sensação de fazer parte de um projeto vencedor. E tem de ser título. Para se chegar a isso essas estratégias de gestão são importantes. Tomar decisões são importantes. Ter projetos e ir alcançando certas etapas. E isso vai se refletindo em campo. Muitas vezes resultado negativo não quer dizer que o trabalho foi mal feito, mas acaba influenciando. Agora fazer um trabalho com gestão, com estratégia, acaba interferindo no resultado. O resultado final é ser campeão.
Dá para competir com os europeus, num possível Mundial? Pensa nisso?
Nos últimos anos se acentuou, a Europa ganhou certas vantagens, isso se refletiu nos resultados nos clubes e seleções. A Europa encontrou modelos de jogos mais consistentes, padrão táticos mais importantes e a América foi em busca disso. Existe uma diferença, sim. Mas o futebol também proporciona que essas diferenças sejam compensadas dentro de campo.

O quanto influenciará nas decisões do São Paulo ser eliminado ou vencer a Libertadores?
É difícil dizer o que mudará. Porque vai depender do tanto de impacto que isso vai ter no aspecto emocional. Todo trabalho é desenvolvido para que impacte o menos possível no planejamento. Impacto zero impossível. Mas minimizar o máximo possível. Isso é construção de trabalho, o quão consistente está sendo desenvolvido. O ideal é que se modifique pouco.

Essa gestão tem mais dez meses até as próximas eleições (marcada para abril do ano que vem). Dá tempo de construir pilares?
A eleição é um momento importante para o clube, de confirmação. Momento relevante. O nosso papel como profissional de futebol, que preza pelo trabalho e pelo clube, é construir tijolos que deem sustentação para um projeto de longo prazo. Se serão as pessoas que estão agora que vão dar continuidade é até irrelevante. É importante que os trabalhos sejam sólidos e para que isso seja explicado para quem vier assumir. E se quem assumir, resolva se vai dar continuidade. Nosso trabalho é proporcionar. Construir um São Paulo forte, que vai facilitar para as pessoas continuar esse trabalho.

O que ainda dá para interferir na Libertadores?
Do ponto de vista do futebol, o trabalho continua, tem foco, estratégia, tem caminho e não há preocupação em relação a outras questões. Quem está no futebol se preocupa com o futebol. De tomada de decisões, projeto estratégico que está debatido com o clube. Respeito à vocação do São Paulo, que é revelar atletas e integrá-los ao time principal.

Há estrutura para não se desestabilizar com uma queda?
Os resultados parciais fortalecem ou nos dão condições para ter menos impacto da frustração do que hoje é um desejo. Acho que o São Paulo também amadureceu como modelo de gestão. Posso dizer que temos práticas de gestões que ninguém mais as tem. E a gente confia muito nisso. Por exemplo, a comissão técnica se acopla à estrutura do clube. É uma disfunção do futebol brasileiros, os grandes poderes que os treinadores têm ou tiveram nos clubes. Porque é exatamente o cargo que é mais instável. Para nós, a estratégia e movimentos partem do clube. Outra prática: atuação determinante e ativa no comando de vestiário. Então assumir desgaste no processo, muitas vezes para o treinador é desconfortável. Então isso para a gente é absolvido pelo clube. Você alivia o desgaste da comissão técnica. São modelos de gestão que dificilmente se vê em outros clubes.  Outro elemento muito importante é a comunicação total. Todos têm de ter a mesma linguagem do que está no campo. Se todos estão com o mesmo pensamento, o mesmo foco, isso é muito forte. Estabelecer essas ideias é uma decisão estratégica. Coordenar para que todos movimentem para o mesmo lado isso também é o que para mim é também importante.

Dá para dizer que o São Paulo quer derrubar o clichê de que o treinador perdeu o vestiário, porque a direção também é responsável?


Esse é o mundo ideal. Práticas para que, num comando compartilhado, a gente tenha uma administração boa, uma disciplina, para que a gente tenha uma entrega com os demais. Esse é o mundo ideal, coordenar, compartilhar e tomar as decisões preservando as figuras importantes do trabalho. Toda decisão no futebol, você tem felizes e tristes. Muitas vezes os tristes são em maior quantidade. E assumir o desgaste é importante. O treinador tem de estar totalmente isento para tomar decisões que quiser. Se isso deixar de satisfazer atletas, a diretoria administra. Preserva-se a comissão, o restante a diretoria administra pra ser harmônica e que não contamine as decisões do treinador.

Esse pensamento falhou com o atacante Rogério (emprestado ao Sport), que tinha grau de insatisfação?
O atleta é um ser complexo, nós somos complexos. Trabalhamos num ambiente, você tem que entender o atleta no seguinte âmbito: são jovens, tem egos aguçados, porque tem popularidade, ele faz algo muito intuitivo, e estão sob pressão. Os atletas são a essência das condições humanas. E eles oscilam naturalmente e são produto do meio. Eles têm anseios, frustrações, dificuldades e cabe a nós entender o universo de cada um e colocar cada um deles num ambiente coletivo. Atletas vão se sentir desconfortável e cabe a nós decidir o que é melhor. Às vezes não tem condições de mercado, e você vê o que faz. Às vezes tem possibilidade de permanecer e você contorna. Nós todos fizemos isso especialmente com o Michel Bastos, que no fim foi coroado com ele sendo decisivo na Libertadores. Foi um movimento sofisticado, que exigiu muito, algo que os outros clubes quase sempre optam por outro caminho, na relação de intolerância jogador x torcida. E contornamos bem tanto que ele foi decisivo. Cada situação, algumas não se tornam públicas, elas são atuadas pela equipe que atua na comissão técnica, o coordenador, o auxiliar, a própria todos debatem e toma decisões.

Como foi a contratação do Cueva dentro das novas diretrizes?


A gente tinha observação de algumas partidas dele na Libertadores, acompanhamos na Libertadores e no Mexicano. E quando jogamos contra o Toluca, já o abordamos e perguntamos se ele queria, ele disse que sim. Ele agradou mais ainda. Abrimos negociação e contratamos. Ele tem capacidade de fazer todas as posições de meio campo ofensivo, tanto aberto como por dentro. No Toluca jogava aberto e na seleção jogava pelo meio. Jogador versátil, muita dinâmica, muita movimentação e com comportamento aguerrido. Que não é uma necessidade, mas sempre desejável que se tenha.

Não vai na contramão da boa gestão rescindir o contrato de um jogador por conta de postagens em redes sociais, como no caso do Getterson?
Foi um momento desafiador, muitos foram. Nesse processo de encontrar o jogador, de análise, elas se mostraram compatíveis com o que desejávamos, algo que não tínhamos no elenco. Acompanhamos partidas, buscamos informações. Equipe nossa foi até um jogo dele. Chegou-se a conclusão e convicção dentro de um padrão e modelo financeiro interessante. Tomou-se um cuidado, como se faz, de perguntar se haveria algo de incômodo, a resposta foi que não havia. E quando tudo aconteceu, tomamos uma decisão. Foi muito tomada na medida de evitar desgastes futuros. Talvez não houvesse ou colocasse uma pressão grande sobre o Getterson, que disse isso e entendeu todo o processo. Claro que é uma decisão difícil e erros e acertos sempre ocorrerão. Constatou-se o desconforto, agimos e seguiu. No futebol você tem de ir matando. Acertar, errar, verifica depois mas dentro de convicções.

Mas o São Paulo não buscou o caminho mais fácil?
Muitas vezes você toma o caminho mais fácil. Às vezes o mais difícil. Mas é importante que se diga é que muitas das decisões do São Paulo são referenciadas pelo interesse do torcedor, mas elas não são o interesse do torcedor. Entender a dinâmica do que pode interessar o torcedor e tomar essas decisões. Teve algumas decisões que num momento parecia contraditório e depois mostraram-se interessantes. Em fevereiro, o treinador era criticado e houve um abraço a ele. Com Michel Bastos houve um movimento sofisticado e a manutenção desse atleta. A decisão de se fazer o mercado de janeiro tendo perdido 12 atletas, sem recursos, assumiu-se esse risco. Apostou em inteligência e parece que deu certo. Internamente, óbvio que há o debate, o amadurecimento, e no futebol você tem de dar uma resposta rápida. Quanto mais rápido for, diminui as questões negativas.

Chegou a ver as montagens que fizeram com você pela negociação do Maicon?
Sim, vi algumas (risos).

E o que achou disso, de brincarem com seu modo de negociar?
Sou um cara pé no chão. Costumo dizer que fui o ponta de lança para ir a Portugal tentar viabilizar um desejo de muitos. O desejo, do atleta, expectativa e desejo da torcida, tudo isso cria uma força que quem está la, a coisa acontece. Eu praticamente canalizei a energia que estava sendo trabalhada por muitos. Óbvio que teve alguma brincadeira ou outra, mas tento ser muito profissional, ético, definição de objetivo e também temos nossos insucessos. São normais na vida. Essa espero que esteja certa no futuro.

Como explica aparecer pouco e mesmo assim ser muito criticado?
O dirigente é criticado por natureza. É difícil se enxergar elementos bons num dirigente. O profissionalismo que vem se acentuando tende a flexibilizar essa ideia. Meu trabalho é técnico, é profissional, é para ter decisões estratégicas. Acho também que num passado recente diante de todo o processo político do clube, o meu cargo foi politizado, entrou dentro de um processo. E isso não entra dentro da realidade. Sou profissional do clube, trabalho para o clube e devo ser analisado por isso, sem entrar em esferas outras. Sei também que é um cargo cobiçado, me sinto muito orgulhoso de estar aqui. E isso estimula certos desejos que às vezes contamina a opinião de alguns. E o momento que eu não conseguir entregar resultados, o meu caminho é pela não permanência.

Vai contratar Alexandre Pato?
Eu já contratei o Pato há dois anos (risos). O Pato já foi contratado há dois anos. Respondi sua pergunta, não? (Risos).

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