Memória São-Paulina – Arthur Friedenreich
O memória são-paulina dessa semana conta a história de um dos maiores atacantes da era do futebol amador, Friedenreich!
Arthur Friedenreich nasceu em 18/07/1892 em São Paulo-SP, filho de pai alemão e mãe brasileira, “Freidenreich” como era popularmente chamado pelo seu sobrenome, foi um dos maiores ou para muitos o maior atacante da era do amadorismo do futebol.
Começou sua carreira no futebol aos 17 anos no Germânia, time da capital paulista em 1909, de lá rodou entre idas e vindas dentre vários clubes hoje já extintos do futebol como Ypiranga, Americano, Mackenzie e Payssandu (SP), até chegar ao Paulistano em 1917, depois de sair do Flamengo, onde teria os seus primeiros grandes feitos como jogador.
O início de Friedenreich no futebol beneficiou-se de sua origem alemã que o possibilitou de jogar em clubes como o Germânia e o Paulistano, equipes dominadas pelos altos escalões paulistas na época, onde não se viam jogadores de descendência mais pobre, apesar de sua mãe ser uma filha de escravos, Arthur foi uma das primeiras exceções quanto a isso no futebol.
Na chegada ao Paulistano, a equipe realizou uma excursão à Europa, fato inédito para um time de futebol brasileiro, por lá destacou-se nos gramados franceses onde voltou ao Brasil com o apelido “O Rei do Futebol“, dado como o melhor jogador do mundo. Arthur atuou no Paulistano até 1929, tendo marcado inclusive 7 gols em uma única partida pelo clube.
Em 1930, após a união entre o Paulistano e a Associação Atlética das Palmeiras, Friedenreich tornava-se jogador do recém-fundado São Paulo Futebol Clube, aos 39 anos! “El Tigre” como era chamado, foi conhecido pela sua técnica, agilidade e habilidade em improvisar com a bola nos pés, além de ser um artilheiro nato.
Com a camisa são-paulina, Friedenreich marcou 106 gols em 127 jogos, alcançando uma média impressionante de 0,83 gols por jogo. Apesar da idade mais avançada, o atacante foi fundamental para o título do campeonato paulista do Tricolor em 1931, batendo o rival alvinegro na final.
Representando o país
Fried foi um jogador celebrado por muitos, e destacado por muitas pessoas no Brasil e fora também. Fez gols importantes pelos selecionados do país, mas nunca teve o prazer de disputar um Mundial, isso no caso, em virtude de uma polêmica entre o presidente da Liga Paulista da época, que proibiu jogadores do estado de irem para a disputa do primeiro mundial ao saber que não haveria paulistas na comissão técnica.
Pela seleção brasileira foram 23 jogos e 10 gols, tendo conquistado o primeiro título da história da amarelinha, no amistoso contra a Argentina pela Copa Roca, além de ter marcado o gol do título diante do Uruguai em 1919 no torneio sul-americano.
Em 1930, Friedenreich ficou de fora da Copa do Uruguai devido ao corte de jogadores paulistas na seleção brasileira, o que entristeceu o atacante.
Uma das lendas sobre Friedenreich é que o jogador haveria marcado até 1.239 gols em 1.329 jogos na carreira, ao longo dos anos, até mesmo a FIFA certificou essa história, porém os números eram datados por colegas do ex-jogador, mas em uma busca mais recente em jornais da época, concluiu-se que ele teria feito 554 gols em 541 partidas. A confusão ocorreu devido ao amadorismo do futebol na época, onde jogos tinham tempos menores e haviam muitos combinados entre equipes, sem saber inclusive quem teria marcado os gols da partida em registro histórico.
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Pausa na carreira
Em 1932, durante a revolução que São Paulo promovia contra o governo, deixou o futebol de lado para se alistar no exército, tendo sido ao final do conflito, considerado um herói de guerra.
Neste ano Friedenreich afastou-se do futebol para se alistar no exército na revolta Constitucionalista do mesmo ano, onde chegou inclusive a posição de tenente do exército paulista contra o governo de Getúlio Vargas. Após a guerra, retornou ao São Paulo até se aposentar em julho de 1935, aos 43 anos.
Fase final da carreira
Depois de encerrar sua passagem pelo futebol paulista, Friedenreich teve apenas uma breve passagem pelo Flamengo, clube que ainda dava muito mais enfoque nas sua tradições ao remo, esporte nobre do período, do que propriamente ao ainda amador futebol.
Mesmo assim, o público carioca ainda desfrutou brevemente do talento nato de El Tigre que, em 1935, decidiu terminar uma carreira marcada principalmente pelo alto índice de gols.
O folclórico jogador fez sua última partida no ano de 1935, indo trabalhar em uma fábrica de bebidas após isso.
Gols na carreira
Índice esse que possuem duas medições bem diferentes e que ainda trazem muita dúvida sobre a quantidade exata durante seus praticamente 18 anos de carreira. Por um lado, são computados 1329 gols, algo que o colocaria a frente até mesmo de Pelé em quantidade total.
Do outro, são contados 556 tentos em 561 partidas, marca que também o colocaria a frente do ex-jogador do SFC, porém na questão de média por partida: 0,99 contra 0,93.
Seja lá como for, o importante é que, sem necessidade nenhuma de controvérsia, Artur Friedenreich pode ser considerado o primeiro grande ídolo da história do São Paulo Futebol Clube.
Data do falecimento
Após se aposentar, viveu em uma casa cedida a ele pelo Tricolor e infelizmente, no dia 6 de setembro de 1969, o ex-atleta faleceu com seus 77 anos de idade.
Títulos e prêmios
El Tigre venceu na carreira sete campeonatos paulistas (1918, 1919, 1921, 1926, 1927, 1929 e 1931), uma Taça Ioduran (1920), dois campeonatos sul-americanos de futebol (1919 e 1922) e Uma Copa Roca (1914).
Foi artilheiro de nove campeonatos paulistas (1912, 1914, 1917, 1918, 1919, 1921, 1927, 1928 e 1929).
Além disso, ganhou os prêmios de 5º maior jogador brasileiro do século XX, 13º Maior jogador sul-americano do Século XX e 54º maior jogador do século XX, todos esses prêmios pela IFFHS.
Veja fotos pertencentes ao Acervo do São Paulo FC da carreira do jogador (clique na imagem para ampliar):