Liziero não pode ser queimado

Lateral-volante do Tricolor, cria da base, é um achado em meio a tanta mesmice e resultados ruins
Olá amigos tricolores!
Estou tranquilo para falar sobre o menino Liziero, um dos principais personagens das duas semifinais do Paulista contra o time de Itaquera. Tranquilo porque eu sou um dos que defendi o atleta no time e mais, com chances entre os titulares desde antes dele pisar na Barra Funda. Moleque sempre demonstrou muita personalidade, tecla que vivo batendo quando falo o que os jovens jogadores precisam ter.
Liziero tem que ser preservado da execração que muitos torcedores apaixonados costumam fazer com quem perde pênaltis em decisões. O ex-Cotia foi o melhor do São Paulo nas duas semifinais, deve ser valorizado, ter contrato renovado o quanto antes e também não ser escalado para decisões por pênaltis por um tempo.
Na partida decisiva em Itaquera o maior erro foi no segundo tempo a equipe abdicar de jogar novamente. Assim como no Morumbi, tentamos “segurar a onda”. Infelizmente poderia acontecer a qualquer momento (e aconteceu!) uma tragédia. São coisas do futebol. Mas merece uma crítica. Não é possível ficar quase 50 minutos garantindo o resultado em uma semifinal fora de casa. Não dá, não tem como.
Fato é que a comissão técnica do São Paulo falhou com Liziero e com os torcedores. Ficou claro que a cabeça do garoto ainda não estava boa para efetuar uma cobrança. Há cerca de dois meses contra o Inter-RS na semifinal da Copa SP de Futebol Junior ele já havia perdido dois, um no tempo normal e outro na decisão por pênaltis. Lá mesmo em Barueri já teve alguns torcedores xingando o menino.
André Jardine bobeou. Deveria ter avisado ao Aguirre para segurar a cobrança dele o máximo que pudesse. Só colocá-lo para cobrar em último caso, depois do Sidão até. Isso caso os alternados seguissem empatados até lá. E digo mais: a atitude deveria ter sido essa mesmo que ele tenha pedido para bater. Erro que poderia ter sido evitado. Repito que não é uma cobrança ao garoto e sim à comissão técnica. E o Liziero não tem culpa nenhuma. Fato é que ele não está com a cabeça boa para bater pênalti. A prova foi dada em Itaquera.
Liziero errou dois contra o Inter e não bateu mais nenhum depois disso para recuperar a confiança antes do fatídico contra o time sem cor. Não estava preparado. Claro que outro jogador poderia errar e acontecer a mesma coisa. Isso (de se classificar ou não) é relativo. Motivo pelo qual não culpo o menino e sim a comissão. Apenas estou preocupado com um talento. Só isso.
Sobre o jogo em si. Uma coisa que eu não vejo quase ninguém falando. O São Paulo tem uma legião de laterais isopores (nunca chegam ao fundo). Sem laterais nenhum esquema tático vai funcionar. Um time do tamanho do São Paulo sem laterais que, no mínimo, ajudem a desafogar, que passem, que deem opção, é inconcebível! Basicamente tivemos melhoras e erros repetidos na eliminação do Paulista. Aguirre melhorou muito o time. Com Dorival Junior perderíamos os dois jogos tranquilamente (minha opinião). Como falei no início não pode abdicar do jogo por 47 minutos. Uma hora dá problema. E deu faltando três minutos, o que criou uma lamentação enorme, mas poderia ter acontecido em qualquer minuto, do primeiro ao último da etapa final devido à postura em campo.
O São Paulo hoje não é mais um bando. Tem organização, esquema tático e garra. Ou seja, há uma luz no fim do túnel e o trabalho de Diego Aguirre pode dar bons frutos, aliado, claro, a algumas contratações. Mas não pode apenas se defender em um tempo inteiro nos jogos decisivos.
Twitter: @RafaCedrall
Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net