HISTÓRIA EM TRÊS CORES: Artur Friedenreich

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Confiram a história do craque-pioneiro entre os grandes nomes do futebol brasileiro

Antes de toda a pompa que vivemos em dias atuais para os jogadores de futebol, a realidade era bem diferente. Considerados por alguns até mesmo como “marginais, vagabundos” em décadas passadas ou nem mesmo tendo uma categoria profissionalizada, como aconteceu no início do século XX.

E foram justamente nesses primeiros passos que surgiu aquele que pode facilmente ser considerado como o primeiro craque do futebol brasileiro: O centroavante Artur Friedenreich, nosso homengeado de hoje no HISTÓRIA EM TRÊS CORES!

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Antes do tricolor

Com um sobrenome desses não é difícil deduzir a descendência alemã de um doa maiores atacantes de todos os tempos. Nascido na capital paulista no dia 18 de julho de 1892, Artur foi fruto de um relacionamento entre um alemão e uma lavadeira de cor negra, daí a sua mistura ter resultado em um mulato de olhos verdes, magro e alto.

O esporte, ainda considerado como algo “de elite”, vivia ainda as margens da abolição da escravatura quando Friedenreich iniciou sua trajetoria, já que não faziam nem 30 anos da assinatura da abolição por parte da Princesa Isabel. Em função disso, o atacante só conseguiu jogar pelo fato de ter a pele mais clara, do contrário seria algo “inadmissível” para os demais.

Logo nos primeiros times que defendeu, todos eles hoje apenas como clubes de recração e não mais equipes de competição profissional (Mackenzie, Paulistano e Ypiranga), “Fried”, como era chamado, mostrava uma habilidade e posicionamento incomuns para a tradicional força física imposta no estilo futebolístico da época.

Com tamanha capacidade, a ida para a Seleção Brasileira, ainda formada apenas por atletas do eixo Rio-São Paulo por estar nas primeiras competições, tinha no goleador sua força máxima. Foram dos pés de Friedenreich os tentos que deram o primeiro título oficial da história da Amarelinha, na Copa América de 1919, onde o Brasil venceu o Uruguai por 1 a 0.

O encanto despertado pelo jogador perante os uruguaios foi tamanho que lhe rendeu outro apelido marcante: “El Tigre”.

Era muito rápido com a bola nos pés e dava dribles impressionantes, aliados sempre a gols, muitos gols, que impressionaram até mesmo os europeus quando o Paulistano desfilou com seus craques pelo Velho Continente. Foi assim que, em 1930, o matador se juntou a outros talentosos nomes para começar a escrever uma história de muitas glórias no Clube da Fé.

 

O estabelecimento de um ídolo

Chegando na época ao ainda chamado São Paulo da Floresta (em função de sua sede localizar-se na Chácara da Floresta, ao lado da Marginal Tietê onde hoje reside o Clube Esperia), Fried, juntamente com Bartô, Araken, Clodô e cia., fizeram do clube recém-formado uma verdadeira máquina.

Apesar de apenas um título paulista, em 1931, o centroavante deixou um legado de atuações mágicas e números que geram espanto e muita controvérsia. O dado mais assombroso que existe com relação as atuações de Friedenreich pelo tricolor, por exemplo, o colocaria muito a frente de Serginho Chulapa na artilharia geral da história do clube, com inimagináveis 661 gols em 127 jogos.

Com um desempenho assim, não é difícil imaginar que a artilharia era algo comum para ele. A estatística mais latente fica para o ano de 1932, um ano após ter sido campeão pelo clube, onde fez 32 gols em 26 jogos.

Depois de muitos tentos e ter nos dado a honra de atuar pelo Soberano, Artur seguiu para o futebol carioca, em 1934, já no alto de seus 41 anos de idade.

Período pós-tricolor

Depois de encerrar sua passagem pelo futebol paulista, Friedenreich teve apenas uma breve passagem pelo Flamengo, clube que ainda dava muito mais enfoque nas sua tradições ao remo, esporte nobre do período, do que propriamente ao ainda amador futebol.

Mesmo assim, o público carioca ainda desfrutou brevemente do talento nato de El Tigre que, em 1935, decidiu terminar uma carreira marcada principalmente pelo alto índice de gols.

Índice esse que possuem duas medições bem diferentes e que ainda trazem muita dúvida sobre a quantidade exata durante seus praticamente 18 anos de carreira. Por um lado, são computados 1329 gol, algo que o colocaria a frente até mesmo de Pelé em quantidade total.

Do outro, são contados 556 tentos em 561 partidas, marca que também o colocaria a frente do ex-jogador do SFC, porém na questão de média por partida: 0,99 contra 0,93.

Seja lá como for, o importante é que, sem necessidade nenhuma de controvérsia, Artur Friedenreich pode ser considerado o primeiro grande ídolo da história do São Paulo Futebol Clube.

Infelizmente, em 6 de setembro de 1969, o ex-atleta faleceu com seus 77 anos de idade.

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