Equipes da série A, serão obrigados a ter times femininos
Exigência da Conmebol e da CBF entra em vigor agora em 2019 e fará times da Série A se mexer para ter equipes de futebol feminino
A partir deste ano, os 20 participantes da Série A do Campeonato Brasileiro precisarão se enquadrar no Licenciamento de CBF e por obrigação, terão de manter um time de futebol feminino, adulto e de base.
A menos de quatro meses do início da competição nacional, o globoesporte.com entrou em contato com todos os clubes que estarão sujeitos às regras. Confira o panorama do processo de estruturação da modalidade e situação das equipes.
Das 20 equipes que disputarão a Série A de 2019, 13 clubes precisam – e precisarão – se mexer para atender às regras.
Na elite do Brasileiro, vale ressaltar, o clube que mantém uma equipe feminina em atividade e de forma contínua há mais tempo é o Santos. O time é o atual vice-campeão da Libertadores e funciona há quatro temporadas (2015 a 2018). O São Paulo por sua vez, tem o multicampão time feminino sub-17, mas já iniciou os trabalhos para ter um time profissional.
A medida, no entanto, ainda não remete à profissionalização da modalidade no país – com jogadoras que tenham carteira assinada e recebam salários. Isso porque, por exemplo, somente quatro das 15 equipes que já deram os primeiros passos para a estruturação da modalidade confirmaram que vão efetivamente pagar salários às jogadoras a partir de 2019 – com valores que, de forma oficial, variam de R$ 1.500 a R$ 4 mil.
A maior parte das equipes que vêm sendo montadas do ano passado para este, até o momento, foram feitas dessa forma. A diferença, é que os outros seis clubes (Atlético-MG, Bahia, Ceará, Chapecoense, Fluminense e Goiás) aproveitam uma estrutura já existente e fornecem outros recursos do próprio clube – como, por exemplo, auxílio financeiro, estrutura para treinos, departamento médico e de fisioterapia.
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A obrigatoriedade de ter um time de futebol feminino adulto e de base está entre as 34 medidas exigidas pelo Licenciamento de Clubes, adotado para sistematizar uma estruturação e adoção de melhores práticas de gestão nos clubes do país. E o Brasil não é o único a passar pelo processo. O novo regulamento da licença foi aprovado pela Conmebol em congresso, ainda no fim de 2016, com um prazo de dois anos para adaptação – portanto, passando a valer a partir de 2019 – e exige times femininos também para todas as equipes que disputarem as Copas Libertadores e Sul-Americana. As medidas se adequam ao artigo 23 do estatuto da Fifa, que cobra das confederações a adoção de medidas de governança que incluem, dentre outras questões, a incorporação de artigos que preveem a igualdade de gênero.
Foto: Reprodução/Conmebol
O clube que não estiver dentro das regras estará sujeito a ficar de fora das competições que exigem a licença (caso da Série A do Brasileiro, Copa Sul-Americana e Libertadores). A posição da entidade, no entanto, é de primeiro assumir o papel de orientar, ao invés de punir.
“A CBF está preocupada com o primeiro papel que é de orientador, aconselhamento. Os clubes estão se mexendo e a primeira preocupação é auxiliar. A primeira intenção não é punir. É orientar para que seja cumprido. O Licenciamento é um processo gradativo. A UEFA para implementar 100% levou de 10 a 15 anos. A cada ano vai aumentando as exigências e entrando nas outras séries (divisões do Brasileiro)”, pronunciou-se a CBF.
- As equipes que estão sendo montadas vão disputar competições da CBF?
Não necessariamente. Os clubes que estão montando o feminino em parceria com equipes já divisionadas, devem entrar em suas respectivas vagas – caso de Athletico-PR (na Série A1 do Brasileiro Feminino) e Bahia (na Série A2). A expectativa é de que as demais sejam anexadas à Série A2 (segunda divisão nacional), disputando a etapa eliminatória de mata-mata que classifica para a fase de grupos, mas a CBF ainda não tem uma posição definitiva sobre isso.
“Isso (formato da competição) a gente vai saber quando houver o conselho técnico das competições e o regulamento específico. Tem o prazo de acontecer 60 dias antes do início (do Brasileiro, que começa em abril). O Licenciamento diz que o time precisa disputar campeonatos, não necessariamente o Brasileiro. Pode ter time que vai disputar o Estadual e não o Brasileiro”, informou a CBF.
- Haverá calendário para a categoria de base, exigida pela CBF?
Sim. A CBF divulgou o calendário da base e futebol feminino de 2019 com um Brasileiro Feminino Sub-18, previsto para acontecer de julho a setembro – logo após a Copa do Mundo Feminina, que acontece na França. Falta definir, porém, o regulamento específico da competição e a idade máxima. De acordo com a assessoria da CBF, a entidade está realizando um estudo de comparação de base para ajustar a questão da idade à realidade do futebol feminino – que normalmente tem jogadoras mais novas que no masculino já atuando no profissional.
- A Série A será a única do Brasileiro a exigir o futebol feminino?
Por enquanto, sim. A previsão inicial era de que as Séries B, C e D precisassem atender às mesmas exigências de forma gradativa nos anos seguintes – em 2020, 2021 e 2022, respectivamente. Mas a CBF ainda não definiu os prazos de forma oficial.
São Paulo
Funcionará em parceria com o Centro Olímpico
Técnica: Lucas Piccinato de Sá
Equipes: Sub-17 e adulta
Estrutura: não detalhou.
O São Paulo retomou recentemente o projeto do futebol feminino com a categoria sub-17, que acaba de conquistar o bicampeonato paulista da categoria. O clube também já iniciou o planejamento para montar a equipe profissional, que será feita com a contratação de atletas de outras equipes, promoção de jogadoras das categorias de base e também com atletas selecionadas em seletiva realizada pelo clube no mês de novembro. O clube espera assim retomar sua tradição na modalidade, coroada na década de 90 com a equipe comandada por Sissi e Kátia Cilene que faturou diversos títulos, como o Campeonato Brasileiro de 1997 e o Paulista de 1997 e 1999.
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