Com mais um vexame, na folhinha do São Paulo, maio já se mostra janeiro
São Paulo perde para o Bahia, não marca um gol sequer em três jogos contra o “Esquadrão” (contando brasileirão) e se despede da Copa do Brasil
Com apenas dois chutes à meta do adversário e a proeza de levar um gol de zagueiro em contra-ataque, o São Paulo sucumbiu em Salvador para o organizado Bahia, avolumando assim mais uma desclassificação prematura e também vexatória pela forma com que não jogou. Com a queda, o torcedor são-paulino acordou, olhou para a folhinha atrás da porta e no lugar do mês de maio enxergou janeiro de 2020. Salvo uma revolução pós Copa América, este São Paulo apresenta chances de ser campeão brasileiro?
Ao Bahia, todos os méritos. Bateu o Tricolor Paulista nas duas partidas. Jogou reativo-ofensivamente, anulou o São Paulo e avançou na Copa do Brasil.
Ao São Paulo e seus torcedores, restaram os versos de desencanto de Jim Morrisson: “Este é o fim / Belo amigo / Este é o fim / Meu único amigo, o fim / Dos nossos planos elaborados, o fim / De tudo o que resta, o fim / Sem salvação ou surpresa, o fim / Eu nunca olharei em seus olhos de novo / Você pode imaginar o que será? / Tão sem limites e livre / Desesperadamente precisando de alguma mão estranha / Numa terra desesperada?”
Agora é lidar com a queda. Mas, a grande questão é: – Como lidar com a situação? Criar um novo fato-novo para desviar o torcedor que já não se engana mais e picota carteirinhas de sócio ou realmente sentar e planejar o futuro?
Para um clube que se especializou em montagens e desmontagens, que se preocupou mais em fazer equilibrar o caixa, ganhar percentuais sobre vendas futuras, mas abdicou de conquistar títulos – razão de ser de todo clube de futebol – o mais sensato (ou o que resta) é colocar em discussão, em todos os setores da instituição, o que é necessário para tirar o São Paulo desse buraco negro que se expande há 10 anos.
Enxugar o elenco, sem dúvida, um caminho, ainda mais quando se depara com jogadores na reserva ganhando cifras que batem a casa dos R$ 700 mil por mês. Demitir Cuca? Insanidade. Pois isto feito seria mais um capítulo trágico que se reescreve nos últimos anos de gloriosos fracassos.
O São Paulo precisa estabelecer um projeto e, para isso, é necessário estabilidade, convicção e planejamento. Se há um momento, a hora é agora.
Paciência, sentimento que o torcedor já não tem, é outro item para o processo de reconstrução. Porém, cabe à diretoria parar de jogar para a torcida e realmente sustentar suas convicções e projetos. Caso contrário, seguirá como um cachorro girando em torno de si, tentando morder as pulgas do próprio rabo.
É momento para reflexões, e decisões, no sentido de encontrar pontos de partida para começar um novo tempo. Dentre as inúmeras interrogações: Hernanes está em condições de atuar? O garoto Helinho está pronto para o profissional? Por que Everton, peça importante no ano passado, não joga mais nada? Qual a posição de Pato? A lista de interrogações são inúmeras…
O maior reforço para o São Paulo, neste momento, seria a instalação de um espelho gigantesco bem abaixo dos refletores do Morumbi, pois a instituição necessita refletir sobre o que deseja para o futuro: sem medidas de marketing brancaleônicos frente a seca de títulos, sem fatos-novos, sem alucinações tri-mundialistas, que afogaram o Narciso nos tempos remotos de glórias, sem pirotecnias, sem fanfarronices.
É hora de abraçar e compreender a trágica realidade, sem complacência, como em um primeiro passo para reverter o descompasso. Um futuro melhor do São Paulo está nas mãos da diretoria e da comissão técnica. É preciso respaldar Cuca e promover as mudanças e ajustes necessários, mesmo que para isso gere transtornos no início do processo.
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