Após tentar suicídio, ex-São Paulo comemora volta por cima

Ex-jogador do Tricolor postou vídeo com desabafo sobre o período em que enfrentou depressão
Natural de Formosa-GO, Mykaell começou nas categorias de base do Vasco em 2011, passou pelo Figueirense e outros clubes, até chegar no São Paulo, em 2016. Na época, o Tricolor bateu recordes de títulos na base, entre eles a Copa RS, Campeonato Paulista e Copa do Brasil entre outros títulos no sub-20, todos com Mykaell.
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Agora em 2019, defendendo o Marília, o jogador está prestes a conquistar seu primeiro título no profissional.
No último domingo, enquanto o elenco do Marília comemorava o acesso ao passar pelo Fernandópolis na semifinal da Segundona do Paulista – na prática, a quarta divisão do estadual – o volante Mykaell comemorava em suas redes sociais, a vida.
O atleta de 22 anos publicou um vídeo onde ele que diz que quem o acompanha sabe de tudo que ele passou para chegar até aquele momento. Mykaell afirmou que teve depressão no ano passado e tentou se matar.
Mas o que fez um jovem com carreira promissora no futebol tentar acabar com a vida aos 21 anos? Mykaell revelou ao GloboEsporte.com que ficou com depressão após ter um relacionamento encerrado. Ele diz que o motivo pode parecer bobo, mas que diz gostava tanto da ex-namorada que o término “acabou com o seu mundo”.
“Eu gostava demais dessa menina. Tive um relacionamento longo com ela, mas ela não merecia meu sofrimento, só que eu não me convencia disso. Eu ficava trancado no quarto, mal falava com a minha mãe. Foi um momento muito difícil para mim”, confessou.
O jogador que estava desempregado na época, logo depois assinou seu primeiro contrato profissional com o Bosque Formosa, time da sua cidade e depois foi para o Bandeirantes de Birigui, interior de São Paulo. Após jogar pouco, ele teve seu contrato rescindido e ficou sem emprego. Foi nessa época que seus problemas começaram.
“O meu relacionamento terminou no meio do ano, e eu fiquei doente até novembro, quando decidi acabar com a minha vida. Tomei um monte de remédios e peguei uma moto, fui parar na BR-030, uns 15 km da minha casa. Nem me lembro direito como aconteceu, só sei que meu primo foi me encontrar descalço, correndo pela estrada. Ele fala que quando me encontrou eu me escondi no mato, mas não aguentei ir muito longe. Fiquei um dia inteiro no hospital para me recuperar. Eles passaram a noite me procurando”, disse o jogador.
Mykaell afirma que fez tratamentos psicológicos e psiquiátricos para depressão. Com o auxílio de remédios ele conseguiu, aos poucos, ir se controlando. Porém, ressalta uma coisa que fez ele mudar radicalmente de postura.
“Quando vi minha irmã ajoelhada rezando por mim, coloquei na cabeça que era hora de mudar. No dia 2 de janeiro desse ano surgiu o convite do Aquidauanense para jogar a Segunda Divisão do Mato Grosso do Sul. Eu fui e sofri bastante. Fiquei longe da família uns três meses direto”, conta.
Apesar das dificuldades no começo, teve o apoio dos companheiros de time e começou a perceber que suas atitudes deveriam ser diferentes, inclusive diante dos próprios sentimentos. O time chegou até a decisão contra o Águia Negra, venceu o jogo, mas perdeu o título por conta da melhor campanha do adversário.
Depois o destino foi o Marília. De 26 jogos, o volante disputou 19 e fez dois gols. A semifinal foi contra o Fernandópolis, que garantiu o primeiro acesso da carreira de Mykaell, que agora sonha em ganhar seu primeiro título como profissional.
“O objetivo principal era o acesso, conquistamos. E agora o objetivo principal é o título. Nem o Marília nem o Paulista merecem estar nessa divisão. São duas camisas pesadas e de respeito, mas estamos focados nessa final”, comentou.
O Marília compartilhou o vídeo de Mykaell em suas redes sociais. Foram mais de mil reações ao desabafo do jogador. Até o Paulista de Jundiaí, adversário da final da Segundona, comentou o vídeo feito pelo atleta.
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O atleta conta que seus companheiros de MAC conhecem sua história, e acredita que ela possa ser exemplo para as pessoas acreditarem na vitória diante da doença. Ele reafirma que a ajuda da família é muito importante e diz que vê seus companheiros de clube como sua família.
“Graças a Deus superei tudo isso, estou na minha melhor fase. Mas é porque a gente aqui no Marília é uma família. Muitos já sabiam da minha história, mas só quem passa, e sofre disso, é que sabe o quanto precisamos de ajuda. Minha mãe sempre disse que, quando tudo isso passar, iríamos rir disso. Acredito que o Marília tem me ajudado muito com isso”, concluiu.
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