Após início promissor, São Paulo praticamente diz adeus às chances de título no Brasileirão
10 abril de 2022, estádio do Morumbi: o São Paulo vencia o Athletico Paranaense por 4 a 0 e conquistava provisoriamente a liderança na primeira rodada do Brasileirão. Apesar da derrota para o Flamengo, já na rodada seguinte, o time se manteve nas primeiras posições graças a uma longa série invicta de 9 partidas e animou alguns torcedores, que passaram até a acreditar em uma improvável briga pelo título. No entanto, os últimos resultados praticamente tiraram o São Paulo desta briga.
A derrota para o Botafogo, no dia 16 de junho, no Engenhão, seguida pela virada sofrida diante do Palmeiras, nos instantes finais no Morumbi, jogaram o Tricolor ladeira abaixo na tabela de classificação. A distância para Palmeiras e Corinthians já impede o torcedor de almejar qualquer chance de título no principal campeonato do país. De acordo com os matemáticos da UFMG, o Tricolor tem apenas 2% de probabilidade de título. O Palmeiras é o grande favorito, com 49,9%.
Para entender como o São Paulo foi de postulante ao título a mero coadjuvante no Brasileirão, é preciso analisar alguns pontos importantes. O primeiro deles é olhar friamente para a sequência invicta de 9 partidas que tanto foi exaltada pela comissão técnica (somando todas as competições, a série de invencibilidade foi de 15 jogos). Porém, o aproveitamento do clube no Brasileirão neste período foi de 55%, com apenas 3 vitórias pelo nacional – Santos, Cuiabá e América-MG.
O excesso de empates talvez tenha sido o principal entrave do São Paulo, que poderia ter assumido a liderança em algumas oportunidades, mas deixou escapar. O roteiro foi quase sempre o mesmo: um dominante primeiro tempo seguido por um segundo tempo ruim, permitindo a reação do adversário. Foi assim contra Ceará, Corinthians, Coritiba, Avaí e Palmeiras.
Um dos trunfos do time é o desempenho como mandante, que coloca o São Paulo como favorito em quase todos os confrontos no Morumbi. A exceção foi o duelo contra o Palmeiras, em que casas de apostas esportivas como Midnite davam o favoritismo ao rival, o que de fato se concretizou, já que o Tricolor foi derrotado pela primeira vez em seu estádio na competição. Porém, mesmo em casa, o São Paulo vem sofrendo em praticamente todas as partidas, que o digas as três vitórias mais recentes, contra Santos, Cuiabá e América-MG – sem falar nos pontos perdidos diante do Ceará e no Choque-Rei.
Dentro de campo, chama a atenção a dependência de Jonathan Calleri, artilheiro do Brasileirão. O que se vê é um camisa 9 isolado, muito graças à péssima fase de jogadores como Luciano, Eder e Rigoni, seus potenciais companheiros de ataque.
Risco de Z4?
A sequência de resultados negativos reacendeu a discussão sobre rebaixamento que tanto assolou o clube em 2021, escapando matematicamente da queda apenas na 37ª rodada. Isso porque a distância do Tricolor para o Z4 já é muito menor que a diferença para os primeiros colocados. Ainda segundo os matemáticos da UFMG, o clube de 10% de chance de queda no Brasileirão – ou seja, 5 vezes mais probabilidade do que a de título.
Se hoje o time parece distante na tabela, uma nova sequência negativa pode colocar os comandados de Rogério Ceni mais perto do Z4 em muito breve – embora o discurso seja o de briga por vaga na Copa Libertadores.
Mercado
Afinal, qual o destino do São Paulo no Brasileirão? Isso passa, também, pela configuração do time depois que a janela de transferências abrir. Há especulações de saídas envolvendo jogadores da base, como Diego Costa, Wellington, Rodrigo Nestor e Igor Gomes, todos assediados por clubes europeus. O técnico Rogério Ceni já alertou a necessidade de manter os jogadores, mas sabe que a condição financeira do clube deve pesar e o Tricolor dificilmente irá segurar todos esses jogadores.
Em relação às chegadas, o único nome encaminhado é o de Marcos Guilherme, que já passou pelo São Paulo em 2017 e 2018 sem deixar muita saudade – algo similar ao que aconteceu em suas passagens recentes por Santos e Internacional. Outros nomes, como Pedro Rocha, Vitinho, Adryelson e até mesmo Ferreirinha não passam de especulação até o momento.
Fato é que o time deve passar por algumas mudanças que podem ditar o rumo do Tricolor na competição. Até o momento, parece incerto se o São Paulo brigará na metade de cima ou de baixo da tabela.