Alexandre Pássaro fala sobre cargo, negociações e mercado da bola

Em entrevista, o gerente-executivo do São Paulo falou sobre vários assuntos, entre eles, negociações e mercado da bola

Pássaro tem 29 anos, e está desde o fim de 2017 no cargo de gerente-executivo  do São Paulo. Ele é quem comanda as principais negociações de reforços da equipe.

O dirigente ganhou força mo clube assim que Raí assumiu como diretor-executivo de futebol. Desde o último ano, passou a atuar de forma mais intensa nas negociações. Suas cláusulas e bônus em contratos de vendas futuras ganharam fama no São Paulo por renderem retorno financeiro a longo prazo, como aconteceu recentemente com Thiago Mendes e Militão. 

Veja a entrevista abaixo: 

CARGO NO SÃO PAULO

“Eu sou um advogado de formação. Minha formação é jurídica. Mas neste ano completo dez anos diretamente dentro do futebol. E eu sempre fiz coisas além do jurídico em todos os lugares por onde passei […] Já fazia uma função de gestão e acumulava o trabalho jurídico, especificamente do futebol. Quando vim para o São Paulo, vim para fazer o jurídico do futebol. Mas, naturalmente, o jurídico do futebol já cria determinadas necessidades de fazer a gestão. E com o passar do tempo também fui ganhando essa nova função.”

“Continuo fazendo os contratos do futebol profissional do São Paulo, e acumulo outras coisas. Porque sempre achei e continuo achando que faz todo o sentido (misturar). Eu negocio, a gente define, aprova dentro do São Paulo e na hora de fazer o contrato não teria muita lógica passar a outra pessoa. Lógico que, para isso, tenho uma equipe que me ajuda muito, muitas coisas eles fazem e eu apenas reviso, mas continuo fazendo isso. E fiz alguns cursos para migrar do jurídico para o futebol.”

RECONHECIMENTO DE PESSOAS IMPORTANTES NO FUTEBOL

“Do Rogério, do Raí e de todos outros que trabalhei, inclusive treinadores, como é agora com Cuca e (o coordenador técnico Vagner) Mancini. Isso é um termômetro dessa relação. Se pensar nessas grandes figuras, mais especificamente essas duas que você citou, imagino que eles já tenham visto de tudo no futebol. Já conviveram com as mais diversas pessoas, personalidades e momentos. E quando você tem a confiança de figuras como esses, eu acho que te dá uma credibilidade e uma confiança muito grande para seguir trabalhando. Provavelmente eles enxergam em mim um perfil daquele que combina com o que eles gostam, querem e procuraram ao longo das carreiras deles. “

O SÃO PAULO ESTÁ MUITO DIFERENTE DESDE QUANDO VOCÊ CHEGOU? 

“Muito diferente. Muito diferente. A diferença é gigantesca estruturalmente. Política, de funcionários, de quem dirige o clube. Como também do lado de fora. Nossas relações com CBF, FPF, Fifa, empresários e outros clubes, com treinadores, estão cada vez mais profissionais. A diferença já é muito grande, em pouco tempo […] Hoje vejo a gente já muito mais próximo desse tipo de gestão empresarial, que é praticado no mundo inteiro, do que nos praticado no mundo inteiro, do que nos primeiros anos.”

NEGOCIAÇÕES CONTESTADAS – EVERTON FELIPE, WILLIAN FARIAS

“Everton Felipe, é importante lembrar que o São Paulo venceu a concorrência de Flamengo e Cruzeiro no ano passado, em um momento em que a gente entendia que era preciso reforçar o time na reta final do Campeonato Brasileiro (para ter 50% dos direitos do meia-atacante, foi preciso pagar R$ 6 milhões). Ele não foi bem aceito, talvez por ser menino, por vir de uma realidade totalmente diferente, e não conseguiu se adaptar. Começou este ano muito mal, mas foi extremamente importante na fase final do Paulista. E a gente acredita que pode continuar sendo importante no decorrer do nosso projeto. As negociações visam sempre, e isso eu posso garantir, ao melhor para o são Paulo. Então elas fechadas no menor valor possível, com o maior benefício possível para o São Paulo. Ainda que esses valores sejam altos numericamente.”

“Willian tinha mais um ano de contrato com o Vitória, pelo dobro do que ganha aqui. Foi um nome apontado como uma possibilidade dentro da necessidade que a gente tinha, com o Luan na seleção (brasileira sub-20), para se juntar a Hernanes, Pablo, Tiago Volpi, Léo, Igor Vinicius… Entendemos que era uma boa possibilidade, tiramos referências com muitas pessoas, e todos falaram muito bem dele. Principalmente do caráter, da pessoa que é. Ele veio pela metade do valor e com um contrato de um ano. Ou seja, não teve nenhum acréscimo do que tinha no Vitória. Pelo contrário, teve decréscimo pela metade. E ainda na negociação tomamos alguns outros cuidados por ser um negócio de risco para todo mundo. Não pagamos comissão, não pagamos transferência para o Vitória. A gente está muito contente com ele aqui. Embora jogando pouco, confirma tudo aquilo que nos falaram e que buscamos no fim do ano.”

JOGADORES DA BASE E NEGOCIAÇÕES  – CASO MILITÃO

“Em 2016, ele fica fora da Copinha porque não tinha aceitado assinar o primeiro contrato profissional. Ele foi treinar com o Bauza como ferramenta nossa para assinar esse contrato. E logo depois volta para a base. Ele faria 18 anos em janeiro e estava esperando isso para ficar livre no mercado, sem contrato profissional. Ele não queria assinar com a gente, mas depois a gente o convenceu a fechar por três anos. E foi esse vínculo que duraria até janeiro de 2019. Dentro desse período, no começo do segundo ano de contrato profissional dele, a gente tentava a todo momento e a todo custo renovar e ele nunca quis. E o mais importante de tudo isso para mim, em 2017, que ele começou a jogar e mesmo assim não queria renovar, nós tomamos uma decisão pró-São Paulo, pensando no bem maior que sempre será o São Paulo.”

“Essa decisão foi mantê-lo jogando, em vez de tirar e voltar para o Cotia, porque naquele momento a gente entendia que era preciso muito mais contar com o benefício esportivo com ele jogando em um momento delicado do time, do que resolver o caso contratual dele, tirar do time e ter um prejuízo maior (rebaixamento) do que tivemos. Ainda assim, no ano passado, com ele já em prazo de pré-contrato e já fechado com o Porto, a gente tinha duas opções. Ele assinar com o Porto naquele momento, a gente não ganhar absolutamente nada e nem ter a garantia de que ele jogaria até o fim do ano. Ele mesmo tinha sinalizado isso. Ou a gente faria uma negociação conseguindo ter o máximo possível.”

NA PARADA PARA A COPA AMÉRICA PODE TER CHEGADAS OU SAÍDAS? 

“Saídas e chegadas vão acontecer naturalmente, como é com todo clube grande, em toda janela de transferências. Não tem um clube que saia desse padrão. Não estou querendo dizer que vamos vender jogadores. São saídas. Às vezes um vai para um empréstimo aqui, outro vai ali. Essas paradas servem também para olhar com comissão técnica, presidência e financeiro, como foi até então o ano e como será depois. Neste momento de reavaliação, é natural que jogadores saiam e cheguem. Hoje estamos muito satisfeitos com o elenco que temos. Muito satisfeitos com a comissão técnica. E muito satisfeitos com a expectativa de receitas sem ter que, necessariamente, perder atletas. Uma possível venda de David Neres (o São Paulo tem 23% a receber de uma eventual transferência do atacante do Ajax). Jogadores atingindo metas esportivas, como foi o Thiago Mendes com o Lille indo à Liga dos Campeões. A gente está muito satisfeito com o cenário que está se pintando aí na frente. É claro que se houver a possibilidade de melhorar o time, não vamos medir esforços para isso.”

Foto: Marcello Zambrana/AGIF
Fonte: UOL Esporte

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