HISTÓRIA EM TRÊS CORES: Raí
Veja a história do craque Raí, eterno ídolo da torcida tricolor e que teve sucesso no futebol profissional e também na sociedade
“Raí, Raí, o terror do Morumbi !”. Sem sombra de dúvida, os torcedores mais antigos do Soberano se lembram muito bem de em alguma oportunidade, seja no Morumbi ou mesmo sentado no sofá de casa, ter cantado a música que embalava a torcida ao aclamar um dos maiores camisas 10 que o tricolor teve em sua gloriosa história. Um jogador refinado, vitorioso dentro e fora de campo, enfim, alguém que tem realmente o espírito do São Paulo.
A vida de Raí Souza Vieira de Oliveira começou na cidade de Ribeirão Preto no dia 15 de Maio de 1965. Filho mais novo do seu Raimundo e da dona Guiomar, Raí era o irmão mais novo de uma família com seis filhos homens e que teria como primeira figura pública o primogênito Sócrates.
Como sempre teve uma estatura elevada, a primeira parada esportiva do caçula foi o basquete, onde ele passou cerca de dois anos. Para nossa sorte, a partir dos 15 anos, o fato do craque tricolor ter passado em uma peneira no Botafogo-SP fez com que Raí desse prioridade ao esporte bretão.
Raí Souza vieira de Oliveira, ou simplesmente Raí, nasceu no dia 15 de maio de 1965 em Ribeirão Preto-SP e começou sua carreira no futebol em sua própria cidade, defendo o Botafogo, onde ficou de 1984 a 1987, quando foi emprestado ao tricolor.
De 87 a 93, Raí atuou em 393 partidas, marcou 128 gols e conquistou seis títulos. Após passagem pelo PSG, o Terror do Morumbi retornou ao Mais querido em 98 e ficou até 2000. Nesses dois anos, conquistou o Paulistão de 98 e 2000.
Antes do tricolor:
A trajetória de sucesso no Pantera iniciada em 1980 contou com grandes desempenhos desde as categorias de base, fazendo com que o jogador tivesse sua primeira mudança de ares rumando para a Ponte Preta.
A continuidade no bom trabalho, onde as comparações tanto a técnica como ao estilo de jogo eram inevitáveis com seu irmão mais velho, lhe renderam a primeira convocação a Seleção Brasileira (onde anos mais tarde, em 1994, faria parte do grupo Tetracampeão do mundo nos EUA) e a contratação para a casa onde ele deixaria seu nome registrado para sempre: O São Paulo Futebol Clube.
O estabelecimento do ídolo:
Em duas passagens pelo tricolor, intercaladas pela ida ao Paris Saint-Germain, Raí se mostrou sempre peça fundamental na equipe. Uma cabeça pensante que, seja com uma bola parada, um passe preciso ou seus potentes arremates de longa distância, desequilibravam e alimentavam ainda mais a idolatria dos são-paulinos.
Sua chegada ao Morumbi foi um tanto quanto complicada, já que o técnico Cilinho tinha seu esquema praticamente montado e o então recém-contratado precisou se adaptar ao elenco que tinha como grande figura no meio-campo o já consagrado Pita. Aos poucos, Raí foi ganhando confiança e conseguiu seu primeiro título: O Paulistão de 1989. No ano seguinte, a chegada do Mestre Telê Santana causou uma revolução na sua vida profissional e também na vida do clube.
Um verdadeiro esquadrão já estava formado naquela temporada, tendo nomes que nos anos consecutivos dominariam o mundo como Cafu, Antonio Carlos, Leonardo e o próprio Rai. Foi no início da década também, só que em 1991, que Raí fez uma de suas melhores partidas com o manto tricolor.
Marcando três vezes na goleada por 3 a 0 sobre o SCCP, o camisa 10 liquidou a fatura já no primeiro jogo da decisão do Campeonato Paulista. Mal sabia ele que o mundo o esperava.
No biênio 1992-1993, os comandados de Telê deram uma aula de futebol que ultrapassaram as fronteiras do continente e foram exibidas em Tóquio, mais precisamente no Estádio Nacional. Se na Libertadores de 1992 a responsabilidade de converter o pênalti que levaria a decisão para as penalidades máximas contra o Newell’s Old Boys foi administrada com excelência por Raí, uma cobrança de falta magistral do ídolo selou o destino do Barcelona no Mundial de Clubes, ganhando a reverência até mesmo do técnico catalão na época, Johan Cruijff: “Se formos atropelados, que seja por uma Ferrari.”
Após fazer história no futebol francês com vários títulos e receber as honras de se despedir da Europa ao som de Aquarela do Brasil adaptada com seu nome, por um Parque dos Príncipes lotado e boa parte pintado em verde e amarelo, Raí voltou para casa em grande estilo. Com apenas uma semana de retorno, o camisa 10 jogou a final do Paulistão em 1998, marcou um gol e foi elemento chave para a equipe virar a decisão contra o maior arquirrival e conquistar o título.
E se o jogador viveu anos de ouro no futebol durante toda a carreira, a sequência dos anos de 1998, 1999 e 2000 acabaram sendo duros com o ídolo do Soberano. Se lesionando seriamente, o craque acabou ficando por nove meses fora de combate. E quando conseguiu dar mais um Paulistão ao clube, em 2000, Raí pendurou as chuteiras.
Visão Social e Empreendedora
Mesmo depois de encerrar a carreira, o jogador continuou marcando seus gols. Além de tocar dois investimentos diferentes (CineSala, que restaura salas de cinema, e a Sala Raí, camarote para jogos e eventos que fica dentro do Morumbi), o ex-atleta é um dos idealizadores da Fundação Gol de Letra.
Tendo um papel social extremamente importante há 17 anos, a fundação criada em parceria com o também ex-jogador Leonardo trabalha com jovens carentes e dá todo o suporte educacional, formando melhores seres humanos. Atualmente, são mais de mil crianças atendidas considerando as duas unidades: São Paulo e Rio de Janeiro.
FICHA TÉCNICA:
Jogos disputados pelo SPFC: 395
Estreia: 18/10/1987
Último jogo: 22/07/2000
Gols marcados no SPFC: 128
Nascimento: 15/05/1965. Ribeirão Preto (SP).
TÍTULOS PELO TRICOLOR:
- Campeonato Brasileiro: 1991
- Campeonato Paulista: 1989, 1991, 1992, 1998 e 2000
- Copa Libertadores da América: 1992 e 1993
- Mundial de Clubes: 1992
PRÊMIOS INDIVIDUAIS:
- São Paulo
- Artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol: 1991
- Meio-campista da “equipe ideal” do Brasil (O Estado de S. Paulo): 1992
- Melhor jogador do Mundial Interclubes: 1992
- Melhor jogador brasileiro (O Estado de S. Paulo): 1992
- Melhor jogador da América do Sul (El País): 1992
- 5º Maior jogador do mundo: 1992 (RSSF)
- 3º Maior artilheiro do mundo: 1993 (IFFHS)
- 10º Maior jogador do mundo: 1993 (FIFA)