OPINIÃO: Despedida do M1to e muita emoção

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Dia 11/12/2015 será um dia inesquecível, dia de despedidas, alegrias, emoção e tristeza, dentro e fora de campo

No começo da semana eu estava bem empolgado com o último jogo da carreira do meu maior ídolo no esporte, apenas pensava nessa partida e tentava imaginar como seria estar ali no estádio para ver além do M1to, todos aqueles “monstros” que por muitos anos me fizeram feliz. Títulos, jogos memoráveis e muitos gols que festejei com aqueles jogadores que estava na despedida do Ceni.

Durante a semana, acompanhei (como sempre), tudo sobre o Mito. Entrevistas de rádio, programas de TV, declarações em jornais, sites e tudo o mais.

Porém, na véspera dessa partida, algo muito ruim aconteceu comigo. Perdi um parente muito querido, mais que um parente, meu padrinho, meu segundo pai, uma pessoa guerreira, trabalhadora, forte, simples, engraçada e com um coração enorme, e mais, tricolor de coração. Porém, na última quinta, ele perdeu uma batalha e nos deixou. Esqueci totalmente o jogo do Ceni.

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A noite da quinta e a sexta feira, desde seu primeiro minuto, foi de muita dor, sofrimento e saudade daquele cara que eu amo tanto.

Pensei em nem ir no jogo do Rogério e iria dar meu ingresso para meu amigo e companheiro de SPFC Notícias.

Fiquei com minha família, fiz tudo o que poderia, e resolvi sim ir ao Morumbi, por mim, pelo site e pelo meu tio.

Tentei trabalhar no jogo, em vão, minha mente estava longe, mal pude tirar fotos, entrevistar…nada.

Bom. Cheguei ao Morumbi por volta das 18h30, encontrei um amigo e colunista do SPFC Notícias, o Beto e fomos para o Restaurante Copa, onde encontramos nosso amigo e parceiro Rafael Porto, o Fabio Borges com a equipe do Arquibancada Tricolor e o Daniel Perrone. Depois de “almoçar/ jantar” e conversar com a galera sobre jogos e jogadores épicos do tricolor, minha cabeça foi começando a entrar no clima do jogo, eu disse começando, pois a cada instante vinha algumas imagens da noite anterior na minha cabeça.

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Saindo do Copa, fui encontrar ali na praça Roberto Gomes Pedrosa, o pessoal que iria no mesmo setor da arquibancada comigo e com o Beto. Alfredo, Veronica, Felipe, Dulce, Lucas e o Vidotto.

Além dessa galera, ainda encontrei meu grande amigo, Erik. Conversamos um pouco e logo ele foi para o setor que tinha sua entrada. Partimos para a arquibancada vermelha.

Entramos, compramos umas cervejas com o copo especial do Rogério Ceni e passamos um sufoco para subir as escadas de acesso às arquibancadas.

Enfim, nos acomodamos e eu estava feliz de estar ali, mas nem tão empolgado como eu queria e imaginava estar.

Olhava ao meu redor e via toda aquela galera feliz, sorrindo, emocionada, exaltada, empolgada, inclusive meus amigos, e eu, até estava, mas não conseguia me empolgar muito, apenas admirava a festa e olhava para o campo de jogo e para o estádio que estava lindo, cheio, com bandeiras, uma festa digna para um Mito.

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Conversando com amigos, pedi para que me falassem o que sentiam antes da partida, o que sentiram durante e qual foi a sensação quando a festa acabou, Alfredo disse:

“Antes da partida eu estava muito ansioso para a festa, ainda não tinha caído a ficha de que era o último jogo do M1to, não via a hora de chegar o jogo a sexta-feira… Fiquei a semana inteira pensando nisso afinal seria a única festa que o SPFC me proporcionaria neste ano.

Quando cheguei ao Morumbi, ele estava inteiro apagado somente com as luzes do celulares acesos proporcionando um lindo espetáculo, quando vi os jogadores em campo vestindo a camisa do tricolor novamente desacreditei… Um jogo repleto de ídolos, parecia um sonho, Zetti, Raí, Cafu, Juninho, Mineiro, Josué, Lugano, Amoroso, Aloísio, Junior, Paulo Autuori, isso sem falar do Muricy, e o mito dos mitos Rogerio Ceni. Pensei que estava sonhando, nem no FIFA conseguiria colocar tantos craques e ídolos juntos para jogar foi um negócio espetacular como nunca senti antes, sensacional

Quando acabou o jogo comecei a ficar emocionado, a ficha começou a cair de que seria a última vez que iria ver o Rogério como jogador do São Paulo, naquele momento passou um filme em minha cabeça, tantas emoções que ele me deu e para todos são-paulinos, tantos jogos, decisões e emoções, e ali terminava tudo. Eu agradeço a Deus, ao SPFC e ao Rogério Ceni por ter me proporcionado tanta emoção e momentos como esses que com certeza são únicos. Obrigado por 25 anos de dedicação, amor a camisa e respeito por esse clube que amamos”.

Também conversei com o Beto, que bem emotivo, falou praticamente as mesmas coisas que o Alfredo e que eu, pois realmente, a emoção foi grande.

“Antes do jogo eu imagina que iria me emocionar muito vendo o Rogério pela última vez, pois seria para mim uma decisão de campeonato, devido a festa que a torcida estava proporcionando nos arredores do estádio, lá dentro, quando vi aqueles caras todos reunidos, eu não podia acreditar, era um sonho. Só em poder ver todos eles jogando ao vivo, pois antes só tinha visto por videos, foi incrível, ainda mais vestindo a camisa do seu time e me fazendo lembrar das glórias, foi surreal, e os últimos minutos pra mim foi algo extraordinário, parecia que não estava acontecendo, parecia um sonho. Pensava que no outro dia eu iria acordar e ver que aquilo tudo não aconteceu, que o Ceni teria renovado e iria ficar no São Paulo. Que esse jogo sirva de lição para os atuais e futuros jogadores do São Paulo vejam o que esses jogadores jogaram e fizeram para o clube, e hoje são mais que história, são lendas do tricolor”.

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Falando do jogo. Incrível ver todos aqueles campeões do mundo reunidos em uma partida. Grandes jogadas, belos gols e as três taças dos mundias do São Paulo. Zetti, Cafu, Ronaldão, Ronaldo Luis, André Luiz, Pintado, Leonardo, Juninho Paulista, Raí, Muller, Cerezo, Lugano, Mineiro, Josué, Amoroso, Junior, Aloísio Chulapa, o M1TO ROGÉRIO CENI e muitos outros craques.

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Aquilo foi incrível, surreal e emocionante. Somente um cara carismático como Ceni para poder juntar tantas fera em um jogo só, aliás, o jogo, a despedida de uma lenda viva dos gramados, o dia em que o São Paulo sofreu uma perda imensa dentro das quatros linhas, já que na quarta feira teve uma fora dos gramados, Juvenal Juvêncio, que recebeu homenagens na despedida do M1to, faleceu.

Falando um pouco do Ceni. Em 1997, ano da estréia do Rogério, eu tinha apenas 11 anos, e achei estranho o Zetti sair e entrar aquele garoto no lugar dele. Quem nunca defendeu uma bola na rua e gritou “Zeeeeetti”, mas enfim, o nosso ídolo foi para o Santos e o Rogério, como era chamado na época assumiu o gol do tricolor. Um mês depois marcou o primeiro, de muitos gols com a camisa são-paulina. A partir daí, não só eu, mas creio que todos os torcedores prestaram mais atenção nesse cara que no mesmo ano foi titular da seleção brasileira. No ano seguinte, venceu o Paulistão contra nosso rival, para mim, já era um cara que eu admirava muito e via um potencial grande nele.

Em 2000, Rogério fez um gol na final do Campeonato Paulista e o tricolor venceu mais uma vez a competição. A partir daí, eu já era seu fã e toda vez que saía algo dele em jornal e revistas, eu recortava e guardava, fiz isso até junho de 2015.

Ceni nos deu muitas alegrias. Além dos 18 títulos, dos 131 gols, de defesas incríveis, jogos memoráveis, ele tinha um amor incondicional pelo clube que o projetou ao mundo e o fez ser reconhecido mundialmente.

Em 2001 ou 2002, não me recordo bem, tive o prazer de conhecer o Rogério. Nessa época fui ao CT da Barra Funda e levei uma pasta com cerca de 150, 200 recortes de jornais que tinha dele. Entreguei a pasta e para minha surpresa, ele me perguntou se poderia ficar com ela uma semana para poder ver bem, pois naquele momento ele não tinha muito tempo para ver e me disse “Volte aqui no próximo sábado e eu te entrego a pasta, pode ser?”, minha resposta foi “Claro!!!”.

No outro sábado cheguei, esperei ansioso e nervoso até o treino acabar. De um em um, os jogadores viam ao encontro da torcida. Tiravam fotos, davam autógrafos e escutavam “chama o Rogério pra mim por favor, diz a ele que é o garoto da pasta”, alguns sorriam e iam embora, outros iam e falavam com o Ceni. Foi o caso do França, Fábio Simplício, Beletti, mas o que mais me impressionou, foram os chilenos Maldonado e Rojas que falaram com o Rogério, apontaram para onde eu e mais alguns torcedores estavam e falaram algo para o futuro Mito, em seguida os chilenos voltaram e disseram para eu esperar o que o camisa 1 viria falar comigo.

Demorou um pouco, ele treinou dezenas de cobranças de falta e partiu ao vestiário, fiquei meio triste e desesperado, pois nesse momento os seguranças vieram e pediram para os torcedores irem embora, pois o treinamento chegou ao fim. Eu disse que estava esperando o Ceni, pois tinha entregado uma pasta com ele teria de retirar, o segurança deu risada e disse para eu me retirar, eu, nesse momento com os olhos cheios de lágrimas, pedi para que ele confirmasse com alguém, ele me deixou lá dentro, na arquibancada e entrou, enquanto os outro segurança acompanhavam os torcedores até o portão.

Fiquei lá sentado esperando e o segurança voltou e me disse “espera aqui um minutinho por favor”, bom, esse minutinho, deve ter sido uns 30, mas não estava nem um pouco preocupado. Estava lá sentado, quando de repente meu ídolo veio ao meu encontro. Me entregou a pasta, agradeceu muito e me deu um par de meias, justamente a que ele usou no treino. Infelizmente não pude registrar com fotos, mas as lembranças que tenho na minha mente serão eternas.

+ RECORDES DO MITO

+ RELEMBRE COMO FOI A PARTIDA DO CENTÉSIMO GOL DO MITO

Segui juntando recortes do Ceni (veja aqui sua ficha técnica), e para minha sorte, ele sempre protagonizava boas matérias, principalmente na década de 2000. Cheguei a 2015 com aproximadamente 300o recortes e resolvi criar um box completo, com 5 pastas. Em junho deste ano, o reencontrei, era óbvio que ele não iria lembrar de mim, mas novamente estive ao lado dele e consegui fazer o que ele fez com nós são-paulinos muitas vezes, o deixei emocionado. Ver o Ceni com os olhos lacrimejando ao ver a caixa, foi uma emoção enorme, mas o ápice foi quando ele me presenteou com a camisa que ele jogou no dia. Veja meu relato completo desse dia e o vídeo do momento que vou conversar com ele.

Resumindo, pois já falei demais. Acompanhei de ponta a ponta a carreira do Rogério Ceni, ou melhor, desde quando ele se tornou titular do tricolor. De lá para cá, exatos 18 anos. Muitas alegrias, inúmeras conquistas, diversos recordes batidos, muitos gols feitos, centenas de defesas memoráveis, algumas derrotas e tristezas, mas isso é o futebol.

Meu padrinho, foi meu segundo pai por 29 anos e fará uma falta enorme, irreparável e indiscutível.

Aquela sexta-feira ficará marcada para sempre em minha memória, não apenas pelo momento que deveria ser, de festa e um pouco de tristeza pela despedida do Mito, mas sim pela perda de uma pessoa que eu amo muito e que amava o clube, que acompanhava o jogo pelo radinho e vibrava a cada gol do tricolor.

Enfim. Rogério, seja lá o que você for fazer daqui pra frente, tenha êxitos, sucesso e seja muito feliz.
Padrinho, sei que está aí no céu fazendo a maior festa, ouvindo Falcão, Zeca Baleiro e Velhas Virgens, descanse em paz e olhe por nós, que daqui, sempre estaremos orando pelo senhor.

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