Conheça mais sobre o atleta que deu as duas estrelas douradas no escudo são-paulino; ele foi o primeiro medalhista de ouro do Brasil em uma Olimpíada

Se os brasileiros têm orgulho de Adhemar Ferreira da Silva por ter sido o primeiro medalhista de ouro do país em uma Olimpíada, para os são-paulinos esse sentimento é ainda maior, pois de 1946 a 1955 ele vestiu a camisa tricolor. As façanhas do atleta, nascido no dia 29 de setembro de 1927, há exatos 90 anos, ainda hoje são lembradas no emblema do clube por meio das duas estrelas douradas, que homenageiam os recordes mundiais obtidos por ele nos Jogos Olímpicos de 1952 e Panamericanos de 1955.

Sua história

Filho único, Adhemar Ferreira da Silva nasceu no bairro da Casa Verde, em São Paulo, em 29 de setembro de 1927. O pai, Antônio Ferreira da Silva, era ferroviário, e a mãe, Augusta Nóbrega da Silva, empregada doméstica. Não chegou a conhecer os avós, mas sempre ouviu dizer na família que o avô vinha de uma linhagem nobre da África, onde inclusive teria sido rei.

Como nos anos 30 não havia uma prática de esportes específica para as crianças, Adhemar brincava na rua. Jogar futebol era sua diversão predileta. Começou sua alfabetização num colégio de freiras. Estudou na Escola de Aprendizes de Ofício, atual Escola Técnica, e formou-se em Belas-Artes. O futuro campeão olímpico esteve perto de se tornar um escultor.

Sua vida acadêmica, contudo, não parou por aí. Adhemar seria um verdadeiro linguista. Fluentemente falaria inglês e francês, mas também russo, tcheco, alemão, italiano, japonês, espanhol e até finlandês.

O ínicio

Tudo começou em 1946. Adhemar estava com José Márcio Cato no centro da cidade quando um rapaz forte e esguio passou por eles. O amigo disse: “Esse é o Benedito Ribeiro, atleta do São Paulo”. A palavra “atleta” fez com que Adhemar sentisse que seria um.

Como seu amigo treinava no clube, se propôs a levá-lo para o Canindé, sede do Tricolor na época. Lá encontro seu primeiro técnico: Dietrich Gerner. Lá Adhemar fez aquecimento, ginástica, passou por uma série de corridas… Fez de tudo um pouco, sem saber o que fazia exatamente.

Já nos idos de 1947, Adhemar viu alguém praticando salto triplo. Também quis. Viu que precisaria tomar distância, correr, chegar à tábua branca que delimitava o salto, bater ali o pé, alçar o corpo, cair sobre a mesma perna, saltar novamente, mudar de perna e atingir a caixa de areia. “Achei interessante e pedi que o rapaz me explicasse tudo de novo, pois não entendi nada.”

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O Salto Triplo

Adhemar fez o primeiro salto de sua vida e despertou a atenção do técnico, que o mandou repetir o pulo. Foi a 12,8 m. Livros de atletismo registram que iniciantes dificilmente chegavam a 11 m. Evoluindo a cada prova, logo se tornaria campeão paulista, brasileiro e sul-americano. Disputaria a primeira Olimpíada no ano seguinte (Londres, 1948). Em 1950, ele igualou o recorde mundial, sem, todavia, quebrá-lo.

Classificado para os Jogos Olímpicos de 1952, em Helsinque, na Finlândia. Adhemar Ferreira da Silva, no dia 23 de julho daquele ano, bateu o recorde mundial do salto triplo, pertencente então ao japonês Naoto Tajima, saltando 16,05 metros nas classificatórias. 

Não bastasse, no mesmo dia, Adhemar quebrou o próprio recorde mundial por outras três vezes, saltando 16,09m, 16,12m e 16,22 metros. Algo absolutamente inédito e arrasador. Conquistou a medalha de ouro. No pódio chorou e aclamado pela torcida, que gritava seu nome, agradeceu a todos dando uma volta pela pista: Foi a primeira volta olímpica de um atleta brasileiro.

Resultado de imagem para adhemar ferreira da Silva SPFCA marca de 16,22m alcançada por Adhemar na olimpíada de 52 foi tão impressionante que, à época, comentou-se que ele jamais seria batida. Um ano depois, porém, o russo Scherbakov saltou 16,23m em Moscou.

O salto triplo ganhava um novo recordista mundial mais cedo do que se poderia imaginar. Mas Adhemar continuava a treinar com dedicação e a conquistar títulos em competições no Brasil e no exterior, sempre de olho na retomada do recorde.

O prêmio pelo seu esforço veio em 16 de março de 1955, quando saltou incríveis 16,56m nos II Jogos Pan-Americanos, disputados na Cidade do México. Como o jornal mexicano Aqui estampou em sua primeira página no dia seguinte, “Adhemar assombrou a todos”. Dez dias depois (26 de março), o São Paulo FC homenageou o atleta colocando a segunda estrela dourada acima do escudo do Tricolor, na bandeira oficial do clube.

Elas se referem aos recordes mundiais batidos por ele em Helsinque 1952 e nos Jogos Panamericanos da Cidade do México em 1955, quando conseguiu a melhor marca de sua vida, 16,56m.

Ficha Técnica

Nome: Adhemar Ferreira da Silva
Nascimento: 29/09/1927, em São Paulo, Capital.
Falecimento: 12/01/2001, em São Paulo, Capital.

FORMAÇÃO ACADÊMICA – Adhemar era formado em Educação Física, Direito, Relações Públicas e Escultor (Escola Belas Artes), além de ser credenciando em Jornalismo.

POLIGLOTA – Adhemar falava sete (7) idiomas: Português, Espanhol, Italiano, Inglês, Francês, Finlandês e Japonês.

Títulos

  • Recordista Mundial do Salto Triplo: 1952 e 1955
  • Bicampeão Olímpico: 1952 e 1956
  • Bicampeão Mundial Universitário: 1953 e 1955
  • Tricampeão Pan-Americano: 1951, 1955 e 1959
  • Pentacampeão Sul-Americano: 1949, 1951, 1952, 1953, 1955
  • Campeão do Aberto de Gifu, Japão: 1952
  • Campeão Luso-Brasileiro: 1960
  • Octacampeão Brasileiro: 1947, 1949, 1950, 1951, 1952, 1953, 1954, 1955
  • Pentacampeão Paulista: 1947, 1948, 1949, 1950 e 1951
  • Pentacampeão Carioca

Honrarias

  • Herói de Helsinque: 1993
  • Mérito Olímpico do COB: 2000
  • Hall da Fama do Atletismo: 2012

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